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Haitong reclama 15 milhões ao Banque Privée mas crédito não é reconhecido

Mesmo depois de ter sido vendido, o ex-BESI continua a enfrentar questões herdadas de dentro do Grupo Espírito Santo. Uma delas é um crédito sobre a sucursal portuguesa do Privée que não é reconhecido na insolvência.

Miguel Baltazar
15 de Janeiro de 2016 às 16:10
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O Haitong Bank, antigo banco de investimento do Banco Espírito Santo, reclama 15 milhões de euros na insolvência da sucursal portuguesa do Banque Privée Espírito Santo. No entanto, o crédito não é reconhecido pelo administrador de insolvência.

 

"No âmbito e para os efeitos do processo de liquidação, o crédito reclamado é sobre uma entidade terceira, não havendo responsabilidade do BPES Sucursal em Portugal", assinala a lista definitiva de créditos, que deu entrada na 1ª secção do Tribunal do Comércio, da Comarca de Lisboa, a que o Negócios teve acesso.

 

Esta é a justificação do administrador de insolvência da sucursal (Bernardo Holstein Guedes) para não reconhecer dois créditos do Haitong Bank, um no valor de 10,8 mil euros e outro de 14,7 milhões. Um crédito que corresponde a "instrumentos financeiros emitidos por terceiros". Os títulos não reconhecidos pelo administrador são, na sua maioria, papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo. No caso do Haitong Bank, o papel comercial é da Rioforte já que é indicado, num deles, que o "montante não [é] devido", acrescentando que as "comissões da Rioforte não foram pagas".

 

Há reclamações de devolução de papel comercial da Rioforte e ESI junto da insolvência do português Privée porque, tal como no BES, estes instrumentos de dívida foram vendidos aos seus balcões. 

No âmbito e para os efeitos do processo de liquidação, o crédito reclamado [pelo Haitong Bank] é sobre uma entidade terceira, não havendo responsabilidade do BPES Sucursal em Portugal. Administrador de insolvência do Privée - sucursal  

Contactado, o banco de investimento liderado por José Maria Ricciardi (na foto) que, apesar de ter sido vendido ao grupo chinês Haitong, continua a enfrentar a herança de ter pertencido ao Grupo Espírito Santo, não quis fazer comentários.

 

Ao todo, o grosso das reclamações de crédito feitas nesta insolvência foi negado pelo administrador da insolvência, que tinha já sido gerente do banco. Há 249 milhões de euros de créditos reclamados e não reconhecidos. Entre eles, como já deu ontem conta o Correio da Manhã, encontra-se, por exemplo, Maude Queiroz Pereira (irmã de Pedro Queiroz Pereira, o presidente da Portucel), que pede 574 mil euros.

 

Dos 3,5 milhões de euros de créditos reclamados e reconhecidos, a grande maioria vai para a casa-mãe do Privée, que está em insolvência na Suíça. Já em relação aos créditos reconhecidos mas não reclamados, de 59 mil euros, há 19 mil euros da Bloomberg Finance, por "prestação de serviços", e 928 euros da Herdade da Comporta, que também fazia parte do Universo Espírito Santo.

 

Estes são dados relativos à sucursal do Privée em Portugal, que tem a sua liquidação dada como certa depois de o Banco de Portugal ter revogado a sua licença bancária, a 21 de Setembro de 2015. Já o Banque Privée, na Suíça, segue a sua insolvência – aliás, o processo já levou a adiar o prazo para reclamar os créditos da ESI e da Rioforte.

 

O que é o Banque Privée Espírito Santo Esta instituição é uma sucursal do banco constituído na Suíça em 1977, com uma actividade virada para a gestão de fortunas. As últimas contas conhecidas da sucursal do Privée Espírito Santo em Portugal, relativas a Junho de 2014 e publicadas no site da entidade e do regulador, apontam para um activo de 74,3 milhões de euros (o crédito a clientes representava, na mesma altura, 26,6 milhões). O passivo ascendia a 52,5 milhões de euros, sendo que 39 milhões eram relativos a recursos de clientes, onde se incluem os depósitos.

O Privée foi uma das instituições afectadas pela crise do Grupo Espírito Santo e também vendeu dívida emitida por sociedades de topo do grupo, como papel comercial, que não foi reembolsada.

Na Suíça, o banco está em insolvência, além de estar a ser investigado pela supervisora do mercado de capitais, a Finma.





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