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Elisa Ferreira: Esforço para cortar 42 mil milhões em activos não rentáveis “tem de continuar”
A vice-governadora do Banco de Portugal coloca no Governo, no Banco de Portugal, BCE e ainda nos bancos a responsabilidade por operacionalizar a redução de crédito malparado.
A redução da carteira de activos não rentáveis, denominadas em inglês por NPE, é um trabalho pela frente da banca portuguesa e quem deixa esse aviso é a vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira. "O esforço tem de continuar".
"Não obstante a evolução positiva, o esforço ainda necessário para reduzir os activos não produtivos é considerável", afirmou a vice-governadora no Fórum Banca, iniciativa do Jornal Económico que se realiza esta quarta-feira, 29 de Novembro, em Lisboa.
O montante dos NPE ("non performing exposures"), em que o crédito malparado é o principal activo, ascendia a 42,3 mil milhões de euros em Junho deste ano, segundo adiantou Elisa Ferreira. "Um valor muito elevado" e que permanece acima dos níveis da União Europeia, classificou, ainda que ressalvando o decréscimo de 8,2 mil milhões face a um ano antes.
Na sua intervenção, Elisa Ferreira elencou três "pilares interdependentes e complementares" essenciais para o corte destes activos, que obrigam à constituição de imparidades para crédito (reconhecendo perdas à partida para eventuais perdas em créditos concedidos no passado).
O primeiro pilar é a "revisão do enquadramento legal, judicial e fiscal", que está a cargo do Governo. Neste campo, estão em causa os processos de recuperação de empresas, que os responsáveis de instituições financeiras defendem ser demasiado longos.
Para Elisa Ferreira, o segundo pilar passa pelas acções de supervisão microprudencial, "quer no âmbito do Mecanismo Único de Supervisão quer a nível nacional", na sequência das quais são definidos os calendários incluídos nos planos de cada instituição financeira.
Por fim, a terceira fonte necessária para o corte dos activos não rentáveis é a "gestão dos portefólios dos crédito malparado", referindo-se à plataforma que está a ser constituída pela CGD, BCP e Novo Banco, para uma gestão de exposições comuns aos vários bancos.
Apesar destas considerações, a vice-governadora do Banco de Portugal deixou elogios aos últimos anos da banca, ressalvando inúmeros indicadores que têm verificado uma evolução positiva, como a redução do rácio de transformação (relação entre créditos e depósitos) e a melhoria dos rácios de capital.