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Elisa Ferreira diz que fundos usam emissão de dívida do BCP para vincar a sua posição  

A vice-governadora do Banco de Portugal disse hoje que a ausência de grandes fundos de investimento da emissão de dívida do BCP é uma tomada de posição negocial legítima, mas vincou a legalidade da decisão tomada em 2015.

Vai ser vice-governadora do Banco de Portugal. Antes de entrar no BdP, era eurodeputada do PS, cargo no qual trabalhou na união bancária. Já tinha sido ministra em dois governos do PS.
Miguel Baltazar
29 de Novembro de 2017 às 12:33
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"O Banco de Portugal exerceu as suas competências de acordo com a base legal que existe, percebe-se que fundos em determinados momentos tentem valer a sua posição negocial, é legítimo", afirmou Elisa Ferreira à Lusa, à margem do Fórum Banca, que hoje decorre em Lisboa.

 

Na terça-feira, as gestoras de fundos de investimento Attestor Capital, BlackRock, CQS, Pimco, River Birch Capital e York Capital anunciaram que não vão participar na emissão de dívida que o banco BCP está a promover.

 

"Não vamos participar nesta emissão. Cada um decidiu que os riscos associados em investir activamente em dívida pública ou privada portuguesa são proibitivos", afirmou um porta-voz do grupo.

 

Em causa está a decisão de final de 2015 do Banco de Portugal que decidiu transmitir para o 'banco mau' BES obrigações não subordinadas do BES que inicialmente ficaram no Novo Banco, o que acabou por penalizar os fundos que detinham esses títulos, que consideraram a decisão do banco central "ilegal e discriminatória" e puseram acções em tribunal.

 

Questionada sobre se a decisão dos grandes fundos internacionais poderá penalizar os custos de financiamento dos bancos portugueses nos mercados, a vice-governadora escusou-se a fazer considerações e recordou que já aquando da recompra de dívida do Novo Banco, realizada em Outubro, os fundos fizeram pressões e a operação aconteceu.

 

"Não faço considerações sobre isso, percebi as pressões quando se tratou LME do Novo banco e em várias oportunidades aparecem os fundos, mais importante do que isso são as condições de viabilidade do país e essas estão em progresso", concluiu.

 

Ainda na posição divulgada terça-feira, os fundos de investimento manifestaram vontade em "retomar as discussões com as autoridades portuguesas, de forma a resolver rapidamente a situação e restabelecer Portugal como um destino credível para o investimento estrangeiro".

 

Em Maio, o ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu em entrevista à Reuteurs que o Estado estava "em conversações" com grandes fundos internacionais que tiveram perdas com dívida do Novo Banco para "encontrar uma solução que satisfaça os interesses de todos", considerando que lhe cabe a responsabilidade de "encontrar mecanismos que mitiguem" os "riscos" dessa decisão "para o conjunto de todos os agentes e entidades portuguesas".

 

Contudo, desde então não houve mais novidades sobre o assunto e a posição recente dos fundos dá a entender que não há desenvolvimentos.

 

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