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Elisa Ferreira: Preparação da banca para fintech “é manifestamente insuficiente”

A vice-governadora do Banco de Portugal considera que os bancos têm de ajustar os modelos de negócio para “integrar e reverter em seu benefício” a inovação trazida pelas tecnológicas que podem prestar serviços financeiros. E avisou para "enormes desafios" do novo enquadramento regulatório que vem aí.

Vai ser vice-governadora do Banco de Portugal. Antes de entrar no BdP, era eurodeputada do PS, cargo no qual trabalhou na união bancária. Já tinha sido ministra em dois governos do PS.
Miguel Baltazar
29 de Novembro de 2017 às 10:19
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A vice-governadora do Banco de Portugal considera que a banca portuguesa ainda não está preparada para a concorrência das empresas tecnológicas que prestam serviços financeiros ou a eles semelhantes, as chamadas fintech.

 

"Apesar de as fintech serem uma das principais fontes de disrupção para as instituições financeiras instaladas, o grau de preparação do sector é ainda manifestamente insuficiente, o que recomenda um enfoque reforçado sobre o tema", afirmou Elisa Ferreira no Fórum Banca, iniciativa organizada pelo Jornal Económico que se realizou esta quarta-feira, 29 de Novembro, em Lisboa.

 

Para a vice-governadora do regulador da banca, o sistema bancário nacional tem de ajustar os modelos de negócio. Isto para "integrar e reverter em seu benefício a inovação tecnológica em curso". Na sua intervenção, afirmou que vem aí um mercado "inevitavelmente mais competitivo, pela via da compressão das margens" e pela "disponibilização de serviços concorrentes com os da banca tradicional".

 

Tendo em conta as mudanças trazidas pela entrada no mercado destas novas entidades, que ficará facilitada com a directiva dos pagamentos que entra em vigor em 2018, a vice-governadora ressalvou que a "alteração do modelo de negocio induzida pelas fintech constitui uma das prioridades de supervisão".

 

"Tanto a Autoridade Bancária Europeia, como o Mecanismo Único de Supervisão, dos quais o Banco de Portugal é membro activo, têm em curso iniciativas regulatórias e de supervisão para responder aos desafios decorrentes das fintech, seguindo um princípio de ‘a mesma actividade, o mesmo risco, as mesmas regras’", declarou a vice-governadora.

 

"Enormes desafios" 

 

No discurso, perante responsáveis de bancos nacionais, Elisa Ferreira enquadrou todo o desafio trazido pelas potenciais concorrentes tecnológicas com todo o "novo enquadramento regulatório pós-crise". Um exemplo é a introdução, no próximo ano, da norma contabilística IFRS9, que dará um tratamento distinto a imparidades. 

 

Tal enquadramento, alertou a antiga eurodeputada, "acarreta enormes desafios para os quais o sistema bancário em Portugal precisa de se preparar com a maior urgência, desafios esses substancialmente agravados pelo actual grau de ‘incompletude’ da União Bancária". 

 

Um trabalho feito quando a banca ainda tem de continuar o esforço para reduzir a herança passada nos seus balanços, os activos não rentáveis (NPE) que, em Junho, representavam 42,3 mil milhões de euros. 

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