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Deloitte: "Parte muito substancial das perdas de 2019 resulta de ativos anteriores ao Novo Banco"

A auditoria da Deloitte foi entregue a 31 de março, tendo sido iniciada em novembro de 2020. Reflete sobre as perdas do Novo Banco em 2019.

O Novo Banco apresentou prejuízos de mais de 1.300 milhões no ano passado.
Mário Cruz/Lusa
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Perdas em créditos a clientes e imóveis em resultado da atualização de imparidades, nomeadamente as impostas pelo supervisor; três operações de venda de carteiras de ativos e as perdas provadas pelos fundos de reestruturação. São três vertentes sobre as quais a auditoria da Deloitte, ao ano de 2019, incidiu para avaliar a chamada de capital de mais de mil milhões pedida ao Fundo de Resolução pelo Novo Banco pelo exercício desse ano e feita em 2020.

Segundo apurou o Negócios, estes três tipos de operações foram analisadas à lupa pela Deloitte, cujas conclusões não deverá por em causa essa recapitalização. Já este ano o Novo Banco anunciou o pedido de quase 600 milhões de euros pelo exercício de 2020, tendo o Fundo de Resolução realçado estar em dúvida em mais de 160 milhões de euros.

Mas em relação a 2019, a Deloitte não põe em causa o valor. 

A Deloitte diz mesmo, na auditoria, segundo apurou o Negócios, que "uma parte muito substancial das perdas registadas em 2019 resulta de ativos originados maioritariamente em período anterior à constituição do Novo Banco e que já apresentavam perdas ou desvalorizações relevantes em anos anteriores".

E fala destes três vetores: "perdas em crédito a clientes e imóveis de montante relevante, resultantes da atualização do processo de determinação de imparidade/valorização", acrescentando mesmo que tal se deveu à "realização de uma inspeção do supervisor que incidiu sobre NPL ['non performing loans' ou malparado] e ativos recuperados, da qual resultou a identificação da necessidade de reforço de imparidades". 

Acresce numa segunda vertente "a realização de três operações de venda de carteiras, no âmbito do processo de redução de ativos não produtivos já em curso de anos anteriores, enquadrado pelas exigências regulatórias de redução da exposição a esses ativos e pelos compromissos previstos no plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia, e que o Novo Banco manteve durante o ano de 2019", lê-se no sumário da auditoria da Deloitte.

E, por fim, o terceiro vetor, que olhou para "as perdas em fundos de reestruturação resultantes da aplicação pelo banco, pela primeira vez em 2019, de um ajustamento ao respetivo 'net asset value'". Também em 2020 estes fundos de reestruturação implicaram registos de imparidades.

A Deloitte analisou, assim, os atos de gestão associados aos créditos concedidos, a decisões de investimento e desinvestimento - nomeadamente a alienação controversa da GNB Vida -, a operações com entidades da área imobiliária do Novo Banco, a atos de gestão associados a outros ativos (como imóveis e títulos).

A Deloitte iniciou a auditoria em novembro de 2020, tendo emitido a conclusão em 31 de março desde ano, conforme já confirmado pelo Ministério das Finanças, Fundo de Resolução e Banco de Portugal. Estas entidades enviaram o relatório a várias outras, como a comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco, Assembleia da República, BCE, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e ao Tribunal de Contas que também está a proceder a uma auditoria.
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