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Conselho Geral da Associação Montepio analisa na terça-feira contas de 2015 e 2016
O Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral reúne-se esta terça-feira para debater as contas individuais da associação de 2016 e as contas consolidadas relativas a 2015, que deveriam ter sido divulgadas no ano passado.
A convocatória, a que a Lusa teve acesso, tem cinco pontos na ordem de trabalhos, entre os quais a apreciação das contas individuais (relatório do Conselho de Administração e parecer do Conselho Fiscal) da associação mutualista relativas ao exercício de 2016 e a apreciação das contas consolidadas de 2015.
Estas contas ainda não são conhecidas e já este ano, em entrevista à revista Sábado, o presidente da associação mutualista, Tomás Correia, justificou ainda não ter apresentado as contas consolidadas de 2015 por estar à espera de uma lei que dispense a entidade que dirige a apresentar contas consolidadas.
A Lusa contactou o Ministério do Trabalho e Segurança Social, que tem a tutela da associação mutualista, para saber de que lei se tratava, mas não obteve resposta.
Quanto às contas individuais, apresentadas em Março de 2016, a associação mutualista apresentou prejuízos de 393,1 milhões de euros.
Apesar do resultado operacional ter sido positivo em 36,4 milhões de euros (abaixo dos 64,7 milhões de 2014), a associação teve de constituir imparidades para fazer face a eventuais perdas com a Caixa Económica Montepio Geral (350 milhões) e o Montepio Seguros (63,2 milhões), suas participadas, o que levou a prejuízos de 393 milhões de euros.
As contas consolidadas permitem perceber melhor a realidade do grupo Montepio, uma vez que integra os resultados apenas da associação mutualista, mas também das suas dezenas de empresas participadas.
A principal empresa participada do grupo é a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário e que teve prejuízos de 243,4 milhões de euros em 2015, acima dos cerca de 187 milhões de euros 2014. Ainda não foram divulgados os resultados de 2016.
Para já, é conhecido que até Setembro passado teve um prejuízo de 67,5 milhões de euros, tendo o banco mutualista justificado este resultado com os "impactos específicos ocorridos no primeiro semestre relacionados com os custos com o processo de redimensionamento da estrutura operativa, com as contribuições sobre o sector bancário para o Fundo Único de Resolução e para o Fundo de Resolução Nacional e com perdas em investimentos financeiros".
Já apenas no terceiro trimestre, a instituição apresentou um lucro de 144 mil euros.
Este fim-de-semana, o Expresso noticiou um relatório do Banco de Portugal relativo à CEMG em 2016, no qual os técnicos concluem que a entidade apresenta "um perfil de risco de nível elevado", que as exposições estratégicas "não garantem uma gestão sólida" e fala ainda numa "consistente degradação da qualidade da carteira dos clientes".
O semanário refere ainda que para os lucros de 144 mil euros apresentados no terceiro trimestre "terá pesado, de forma indiscutível, a venda de uma participação de 19% na empresa mineira Almina, por 93 milhões de euros e com uma mais-valia de 24 milhões".
A compra foi feita por um "veículo financeiro, designado Vogais Dinâmicas, com sede em Oliveira dos Frades, e constituído no dia 29 de Setembro de 2016". Contudo, a operação foi posteriormente anulada.
Em reacção à notícia do Expresso, a CEMG afirmou que "adopta as melhores práticas" exigidas pelos reguladores e supervisores e que tem executado todas as recomendações para melhorar os seus procedimentos.
A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) é liderada por Félix Morgado, que substituiu Tomás Correia em agosto de 2015, ficando este apenas como presidente da Associação Mutualista Montepio Geral.