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Colecção com 175 obras do ex-BPN avaliada em três milhões de euros vai ser vendida

Uma colecção de 175 obras de arte, reunida pelo ex-Banco Português de Negócios (BPN), avaliada em três milhões de euros, vai ser vendida, dando prioridade ao Estado português, segundo as empresas responsáveis pelos activos do banco.

Bruno Simão/Negócios
05 de Junho de 2015 às 18:28
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Contactado pela agência Lusa, Francisco Nogueira Leite, presidente da Parvalorem e da Parups, empresas criadas em 2010 para gerir os activos e recuperar os créditos do ex-BPN, nacionalizado em 2008, revelou que o processo vai avançar na sequência da inventariação das peças.

 

No conjunto, são maioritariamente obras - muitas de pintura e algumas de escultura - de artistas portugueses de várias gerações, todos consagrados, como Júlio Pomar, a artista Paula Rego (representada com três obras) e Maria Helena Vieira da Silva (com cinco), além de Mário Cesariny, Helena Almeida, José de Guimarães e Julião Sarmento.

 

Amadeo de Souza-Cardoso, Dacosta, Cruzeiro Seixas, Álvaro Lapa, Fernando Calhau, Eduardo Batarda, João Cutileiro, João Pedro Vale, Ana Vidigal e Nadir Afonso também estão no conjunto, e há artistas estrangeiros representados, como Antoni Tápies, Arpad Szénes, marido da pintora portuguesa Vieira da Silva, Peter Zimmermann e Sonia Delaunay.

 

Estas peças constam dos Relatórios e Contas das duas sociedades, que detêm igualmente a colecção de 85 obras de Joan Miró (1893 -1983), avaliadas entre 35 e 53 milhões de euros, para as quais chegaram a estar marcados dois leilões pela Christie's, em Londres, no ano passado, que acabaram por ser cancelados devido a processos jurídicos ainda em curso.

 

De acordo com os relatórios das empresas, depois de ter sido feita a inventariação, avançará, numa primeira instância, o contacto com o Estado para indagar do seu interesse em adquirir as obras.

 

Questionado se o Estado tem legalmente direito de preferência na compra, Francisco Nogueira Leite esclareceu que não, que foi uma decisão das empresas. "Prioridade ou preferência legal não há. Porém, seria positivo e acolheríamos bem a ideia de as entidades públicas, dentro das suas possibilidades orçamentais, adquirirem algumas obras representativas", afirmou.

 

Relativamente às obras de artistas portugueses, "gostávamos que ficassem em Portugal e, para o efeito, a entidade competente, que é a Secretaria de Estado da Cultura, será quem poderá tentar, dentro das suas disponibilidades, ajudar a cumprir essa possibilidade".

 

"A Parups não faz política quer cultural quer de nenhuma natureza, pelo que apenas tem por função alienar activos de forma a amortizar os custos para os contribuintes do ex-BPN", sustentou, sublinhando que essa é a missão das empresas.

 

As obras herdadas do ex-BPN têm várias origens: foram compradas pelo próprio banco ou foram recebidas como dações, em forma de pagamentos.

 

Questionado sobre o destino das obras, caso o Estado não esteja interessado em comprar, Nogueira Leite indicou que serão vendidas em leilão, mas em Portugal, e não no estrangeiro, como era o destino dos Miró.

 

Ao todo são 135 obras, de 84 artistas portugueses, e ainda 40 trabalhos de 28 artistas estrangeiros, e o seu valor global "tem a ver com a contabilização, e não necessariamente com o seu actual valor de mercado".

 

A Lusa contactou a Secretaria de Estado da Cultura para obter uma reacção sobre a questão relacionada com estas obras, mas o gabinete remeteu para as duas empresas que gerem os activos do ex-BPN.

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