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Caixa garante que não venderá dívida a clientes particulares ou empresas
“Não haverá colocação desta emissão [de dívida perpétua] junto de clientes particulares ou empresas”, garante a CGD num esclarecimento enviado às redacções. A nota surge depois de um encontro com empresários do Norte, apresentado como sendo o início da promoção da colocação de dívida.
A Caixa Geral de Depósitos garante que "não haverá colocação desta emissão [de dívida perpétua] junto de clientes particulares ou empresas". O esclarecimento foi feito esta sexta-feira, 3 de Março, numa nota enviada às redacções, um dia depois de a administração da empresa ter realizado um encontro com empresários do Norte do país que foi apresentado como o início da promoção da venda de obrigações perpétuas e que contou com a presença do Presidente da República.
"Pelas suas características de subordinação e tratando-se de dívida perpétua, esta emissão é dirigida exclusivamente a investidores institucionais, nomeadamente fundos de investimento e ‘hedge funds’, fundos de pensões e seguradoras", sublinha a nota oficial do banco do Estado.
A Caixa esclarece ainda esta emissão de dívida não será colocada "junto de entidades públicas, nos termos do acordo com a Direcção Geral da Concorrência da Comissão Europeia" (DGComp, na sigla inglesa).
No âmbito dos compromissos assumidos no âmbito da aprovação de Bruxelas à capitalização da CGD, que a DGComp aceitou que ficasse de fora das regras das ajudas de Estado, a CGD está obrigada a colocar 1.000 milhões de dívida perpétua – 500 milhões no curto prazo e outros 500 milhões ao fim de 18 meses – junto de investidores institucionais privados. Em causa está "uma emissão de dívida subordinada AT1 (‘additional tier 1’)", ou seja, estão em causa títulos que ajudam a reforçar os rácios de solidez adicional da instituição.
E que, por esse motivo, tem maior nível de risco, já que os seus detentores serão dos primeiros a registar perdas em caso de a Caixa vir a sofrer dificuldades financeiras.
Emissão foi o cardápio do almoço com empresários
Apesar de a dívida não poder ser colocada junto de empresas, o plano de reestruturação da CGD e a emissão de 500 milhões de euros de obrigações perpétuas foi o cardápio servido por Paulo Macedo e Marcelo Rebelo de Sousa num almoço com alguns dos maiores empresários e gestores nortenhos.
No repasto realizado em Serralves estiveram perto de quatro dezenas de grandes clientes e potenciais compradores de dívida da CGD. Entre eles, António Mota, "chairman" da construtora Mota-Engil; António Rios Amorim, que comanda a corticeira líder mundial e é a mais internacional das empresas portuguesas; Manuel Violas, que dirige o grupo que detém a Solverde Casinos & Hotéis e era até há pouco o maior accionista português do BPI, com uma posição de 2,7%, ficando com uma posição residual depois da OPA do CaixaBank; e João Miranda, da maiata Frulact, que produz preparados de fruta para a indústria alimentar em seis fábricas e factura 110 milhões de euros anuais.
O encontro desta quinta-feira no Porto foi o primeiro acto público da nova administração, que está a completar um mês em funções e que nas próximas semanas irá realizar iniciativas semelhantes noutras cidades portuguesas. O novo presidente executivo apontou que já recebeu várias demonstrações de interesse por parte de investidores institucionais neste programa, mas sublinhou que o sucesso só poderá ser avaliado depois da operação.
(Notícia actualizada às 12:51)