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Cair em mãos estrangeiras? "O país precisa é de bancos sólidos"
Artur Santos Silva lamenta que os capitais portugueses não consigam "suportar as exigências" do banco, mas promete que o BPI vai "continuar a servir" a economia nacional.
O "chairman" do BPI desvalorizou esta quarta-feira, 21 de Setembro, os receios de que a banca portuguesa caia em mãos estrangeiras, contrapondo que "o que o país precisa é de bancos sólidos, capazes de resistir, com boa equipa de gestão, com boa cobertura e tecnologia".
Artur Santos Silva, que frisara antes que "o BPI não tinha alternativa em Angola", deixou também a promessa que o banco vai continuar a apoiar as empresas portuguesas mesmo que passe a ser controlado pelos catalães do CaixaBank, sustentando até que "uma instituição que actua em Portugal só pode ter sucesso se servir a economia portuguesa".
Na conferência de imprensa realizada no final da assembleia-geral, no Porto, Artur Santos Silva respondeu às críticas recentes de Tiago Violas Ferreira sobre o banco ter perdido a filosofia inicial de ser um "projecto com uma estrutura accionista plural" e com centros de decisão em Portugal. E começou por chamar a atenção para o facto de o conjunto dos accionistas portugueses representarem apenas 6% do capital e "a generalidade" deles não ter ido ao último aumento de capital.
"Infelizmente, os capitais portugueses hoje em dia não conseguem suportar as exigências de uma instituição bancária. Portanto, há muito tempo que esse sonho de muitos - incluindo eu próprio - não é possível. As condições de investimento estável por parte dos accionistas portugueses tornaram-se praticamente impossíveis", resumiu.
"Hoje é um dia bom para o BPI", diz Ulrich
O presidente executivo do banco, Fernando Ulrich, sublinhou que o facto de "estes problemas [desblindagem dos estatutos e redução da exposição a Angola] estarem resolvidos permite que, de agora em diante, [voltem] a estar concentrados no negócio e nos clientes". "Contem agora com um BPI mais forte, mais focado e determinado", acrescentou.
Após dois anos "muito exigentes" em que a equipa de gestão do BPI teve de "dedicar parte do tempo, sobretudo mental", a estas questões, Ulrich fez questão de "agradecer a confiança" dos perto de três milhões de clientes do BPI e também do Banco de Fomento Angola (BFA).
O presidente executivo deixou também uma mensagem de agradecimento aos colaboradores dos dois bancos, a quem elogiou o "empenho, dedicação e profissionalismo" que fizeram com que "estas perturbações não se [reflectissem] na qualidade do serviço e na relação com os clientes".
"Os dois bancos entram agora em fases novas. Encaramos esta nova fase com redobrada confiança. Hoje é um dia bom para o BPI", finalizou Fernando Ulrich na conferência de imprensa realizada na Fundação de Serralves.