"Confirmamos que durante esta semana comunicámos ao Fundo de Resolução e ao Banco de Portugal a intenção de renunciar aos cargos desempenhados na administração do Novo Banco", afirmam em comunicado Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato.

A notícia da saída de Vítor Bento de presidente do Novo Banco (NB), assim como dos dois outros elementos escolhidos por si, foi revelada este sábado pelo Expresso. É o culminar de um processo crescente de tensão entre os objectivos da liderança do NB e os seus accionistas, o Banco de Portugal através do Fundo de Resolução.

A equipa que agora abandona o Novo Banco faz questão de salientar que não saem em conflito com ninguém mas sim porque as circunstâncias de alteraram. Expõem ainda aquilo que consideram ter sido o seu contributo.

"Gostaríamos de salientar que não saímos em conflito com ninguém, mas apenas porque as circunstâncias alteraram profundamente a natureza do desafio, com base no qual aceitáramos esta missão em meados de Julho", afirmam no comunicado enviado por volta do meo dia deste sábado. Um comunicado assinado por Vítor Bento, o CEO, José Honório, vice-presidente, e João Moreira Rato, administrador com a área financeira.

"Entretanto", salientam os três, "contribuímos para a estabilização do banco, pusemos em marcha as acções necessárias para a normalização e melhoria do seu funcionamento e lançámos a elaboração de um plano de médio prazo". Acrescentam ainda que "já foi encetado um processo para a rápida venda do banco, gerido pelo Fundo de Resolução e pelo Banco de Portugal".

É por terem já estabilizado o banco e terem iniciado o seu processo de venda que dizem "entendemos ser agora oportuno passar o testemunho a uma outra equipa de gestão".

Os três elementos da equipa terminam o comunicado afirmando que acreditam que o Novo Banco

"é uma grande instituição, com gente muito dedicada, clientes leais e uma actividade de negócio que pode dar um importante contributo para a recuperação da economia portuguesa".

Vítor Bento foi convidado por Ricardo Salgado para assumir a liderança do BES numa iniciativa que foi tornada pública a 4 de Julho, sexta-feira. Assumiu funções a 14 de Julho, segunda-feira, depois de um fim-de-semana em que Ricardo Salgado deixou a liderança. A 3 de Agosto, com a intervenção no BES e a sua divisão em dois bancos, manteve-se em funções, tal como a sua equipa.

Nas últimas duas semanas fora crescentes os sinais de desentendimento entre a administração do Novo Banco e o Banco de Portugal, assim como com o Governo. Um dos factos foi a ausência da administração do NB na cerimónia de tomada de posse dos novos administradores do Banco de Portugal, como noticiou o Negócios.

O ponto central da divergência, de acordo com o que diversas fontes têm revelado ao Negócios, está nos tempos de alienação do Novo Banco, com o accionista a querer que se faça o mais depressa possível e a liderança a defender uma estratégia mais lenta.

(Notícia actualizada às 13:45)