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BE pede exoneração de Carlos Costa. Governador "não pode estar acima do escrutínio"

O Bloco de Esquerda pede, no projeto de resolução entregue ao Governo, a exoneração do governador do Banco de Portugal.

Lusa
Negócios 11 de Fevereiro de 2019 às 16:57
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Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, pediu escusa nas decisões sobre a auditoria da EY a 15 anos de gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Porém, para o Bloco de Esquerda, não é apenas a não participação de um ex-administrador do banco que está em causa. Mas também a avaliação dos seus atos e a idoneidade para exercer a função. Os bloquistas pedem a "exoneração" do responsável num projeto de resolução que já está nas mãos do Governo.

 

"O reconhecimento do envolvimento de Carlos Costa no percurso da CGD no período em causa ficou claro no momento em que o governador pediu escusa no processo de averiguação associado à auditoria da Caixa", afirmam os deputados do Bloco de Esquerda no documento.

 

O governador do Banco de Portugal fez saber na sexta-feira - depois de a Sábado ter divulgado atas que revelam que o responsável tinha participado, quando foi administrador da Caixa Geral de Depósitos, em reuniões que aprovaram créditos problemáticos - que pediu para não participar nas decisões da entidade que lidera sobre a auditoria realizada pela EY ao banco público.

 

"O que está em causa, no entanto, não é apenas a não participação de um ex-administrador da CGD na avaliação dos atos de gestão de ex-administradores da CGD. O que está em causa, de facto, é a avaliação dos atos do ex-administrador Carlos Costa, e da sua idoneidade para exercer as funções de governador do Banco de Portugal, regulador e supervisor do sistema bancário", notam os deputados bloquistas.

 

"O governador do Banco de Portugal não pode estar acima de escrutínio. A suspeita quanto à sua idoneidade é, em si, incompatível com as funções que desempenha", acrescentam.

 

Depois do pedido de Carlos Costa, o Bloco de Esquerda pediu ao Governo para "avaliar e retirar as suas consequências" sobre a intervenção do governador nos créditos "ruinosos" da Caixa. Nessa ocasião, Catarina Martins voltou a pôr em cima da mesa a eventual exoneração do governador, algo, aliás, que o seu partido já tinha defendido por causa do BES. 

 

"Depois de tudo o que aconteceu ao sistema bancário nacional, o país não pode compreender ou tolerar que um ex-administrador da Caixa, com responsabilidades em processos de decisão de crédito aparentemente ruinosos, utilize o seu lugar como responsável máximo do Banco de Portugal para garantir que não é incluído em futuros processos de avaliação", refere o Bloco de Esquerda, afirmando que Carlos Costa "não cumpre as condições de escrutínio e isenção para o desempenho das funções de Governador do Banco de Portugal".

 

Neste sentido, "ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que exonere o Governador do Banco de Portugal, Carlos da Silva Costa".

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