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Elisa Ferreira não vai pedir escusa nas decisões sobre a CGD

A vice-governadora do Banco de Portugal considera que "não existem razões que possam influenciar, ou que possam dar a aparência de influenciar, a sua atuação em matéria de supervisão da CGD".

Miguel Baltazar
11 de Fevereiro de 2019 às 19:20
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Elisa Ferreira não vai pedir escusa nas decisões do Banco de Portugal sobre a gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Isto depois de o PSD ter questionado se mais algum administrador iria adotar a mesma posição que Carlos Costa. A vice-governadora considera que "não existem razões" que influenciem a sua atuação relativamente à supervisão do banco estatal. 

"As competências e responsabilidades do Banco de Portugal, enquanto autoridade de supervisão, incidem direta e exclusivamente sobre as instituições financeiras supervisionadas. O Banco de Portugal não se pronuncia, nem tem essa competência, sobre a qualidade de gestão de empresas comerciais, nem sobre os projetos de financiamento que submetem à consideração dos bancos sujeitos a supervisão", afirma o supervisor em resposta às questões colocadas pelo Negócios.

A entidade refere que, de acordo com a auditoria da EY a 15 anos de gestão da CGD, "a contratualização dos primeiros créditos concedidos pela CGD à Artlant, de valor ainda reduzido, data de 7 de maio de 2008, e foi a partir de 2010 que a exposição creditícia da CGD perante a Artlant aumentou significativamente". Nesse sentido, esclarece, "o marido de Elisa Ferreira, Fernando Freire de Sousa, deixou de ter qualquer envolvimento tanto na atividade dessa empresa como na atividade da sua participada em Portugal Artenius Sines (posteriormente Artlant) a partir de abril de 2008". 

"A vice-governadora considera assim que não existem razões que possam influenciar, ou que possam dar a aparência de influenciar, a sua atuação em matéria de supervisão da CGD", salienta o Banco de Portugal. 

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, fez saber na sexta-feira - depois de a Sábado ter divulgado atas que revelam que o governador tinha participado, quando foi administrador da CGD, em reuniões que aprovaram créditos problemáticos - que pediu para não participar nas decisões da entidade que lidera sobre a auditoria realizada pela EY a 15 anos de gestão do banco público.

Depois deste comunicado, o PSD afirmou querer saber se mais administradores do Banco de Portugal iriam pedir escusa a participarem na análise à auditoria sobre a CGD. Já o Bloco de Esquerda disse ir apresentar um projeto de resolução para pedir a exoneração do governador - algo que aconteceu esta segunda-feira.

"Compreendendo a atuação do senhor governador, resta-nos a dúvida se não existirá na administração do Banco de Portugal outros administradores, que por razões diretas ou familiares, não terão o mesmo problema e não deviam pedir escusa da análise à auditoria", disse o deputado do PSD Duarte Pacheco à Lusa.

Questionado sobre se estava a referir-se à vice-governadora Elisa Ferreira, cujo marido foi vice-presidente da La Seda, uma das empresas analisadas na auditoria pelo prejuízo causado ao banco público, Duarte Pacheco não quis responder, afirmando apenas que o PSD levanta essas dúvidas "por uma questão de transparência" e que é normal que assim seja após o governador "ter tomado a posição" conhecida na semana passada.

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