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Volkswagen sobe mais de 5% em bolsa após fim da guerra de liderança
As acções da Volkswagen chegaram a subir mais de 5%, depois de no fim-de-semana ter sido revelado que Ferdinand Piëch abandonou o cargo de "chairman" do grupo em divergência com a estratégia da fabricante automóvel.
As acções da Volkswagen estão a subir 3,39% para 240,95 euros, tendo já chegado a subir mais de 5% para níveis de Setembro.
A subida das acções surge depois de no fim-de-semana ter sido revelado que Ferdinand Piëch abandonou os cargos que exercia no grupo, com "efeitos imediatos". Isto depois de ter questionado a liderança do grupo.
Ferdinand Piëch, "chairman" da Volkswagen, numa entrevista à revista Der Spiegel no dia 10 de Abril, revelou que se tem "afastado" do CEO Martin Winterkorn e questionou as suas capacidades para liderar o grupo automóvel alemão.
Começou assim uma guerra familiar, que durou cerca duas semanas, que não teve o desfecho que Piëch desejava.
"Os membros da comissão executiva consideraram, unanimemente, que, tendo em consideração os desenvolvimentos das últimas semanas, a confiança mútua necessária para uma cooperação com sucesso já não existe", assume a comissão executiva em comunicado emitido no sábado, 25 de Abril.
"Por esta razão o professor Dr. Ferdinand K. Piëch resignou com efeitos imediatos da sua posição de 'chairman'", bem como de todos os seus cargos no conselho de supervisão dentro do grupo Volkswagen. O cargo de "chairman" será assegurado "temporariamente" pelo actual vice-chairman, Berthold Huber. Este último responsável vai liderar ainda a assembleia geral, agendada para o dia 5 de Maio, acrescenta a mesma fonte.
Berthold Huber terá agora a missão de, em conjunto com os accionistas e os funcionários, encontrar um novo "chairman".
Não foi a primeira vez que declarações polémicas de Piëch afastaram o CEO do grupo. Desta vez, as palavras foram recebidas com surpresa, mesmo já sendo conhecida a pouca paciência deste patriarca para gestores que o desapontem.
Apesar de Winterkorn ter triplicado os lucros do grupo alemão para quase 11 mil milhões de euros desde que assumiu o cargo em 2007, foi o mais recente plano de redução de custos que justificou a posição de Ferdinand Piëch. O fraco desempenho no mercado norte-americano é o principal factor a pesar na posição. Por isso mesmo, a companhia terá de cortar cerca de cinco mil milhões de euros até 2017.
Os desentendimentos entre os clãs Piëch Porsche sobre a liderança do império automóvel não são novos. Contudo, as discussões ocorrem geralmente à porta fechada – o que não se verificou desta vez.
O conselho de supervisão da Volkswagen, que reuniu no dia 16 de Abril apoiou a continuidade de Martin Winterkorn como CEO da marca alemã. Este órgão de supervisão disse na altura esperar que Winterkorn continuasse como CEO da Volkswagen com "o mesmo vigor e sucesso" que até aqui.
Winterkorn chegou a ser "protegido" de Piëch quando o último era ainda CEO da Volkswagen, tendo preparado o caminho para que este o substituísse no cargo em 2007. Martin Winterkorn é o CEO mais bem pago da Alemanha, tendo auferido cerca de 16 milhões de euros no ano passado.