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Volkswagen Autoeuropa: Futuro em suspenso para fornecedores automóveis

A diversificação de produtos e clientes é apontada como uma solução para os fornecedores do parque industrial de Palmela perante a nova etapa produtiva que se avizinha. A decisão alemã tarda em chegar, deixando sem resposta o futuro de centenas de trabalhadores. A Webasto é considerada o caso mais grave.

Bruno Simão/Negócios
02 de Fevereiro de 2015 às 16:40
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É de preocupação o clima que se faz sentir no parque industrial da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela. As diferentes comissões de trabalhadores daquele pólo estiveram reunidas na manhã desta segunda-feira, 2 de Fevereiro, para debater o futuro de algumas empresas.

 

Apesar de faltar a confirmação oficial, o fim da produção do Volkswagen Eos no final deste primeiro semestre está a deixar algumas empresas numa situação de fragilidade. O caso mais preocupante é o da Webasto, que produz os tejadilhos para este modelo fabricado há quase uma década.

 

A companhia tem como único cliente a Volkswagen Autoeuropa e, para já, não há perspectivas para diversificar os produtos produzidos. A decisão de integrar a Webasto no novo ciclo produtivo ficará dependente do grupo automóvel alemão. Para já, a situação é ainda estável para os 106 trabalhadores deste fornecedor, sabe o Negócios.

 

Os rumores naquele pólo industrial apontam 2017 como o ano de arranque da produção de novo(s) modelo(s) na Volkswagen Autoeuropa, em resultado de um investimento de 677 milhões de euros numa nova plataforma. A mesma deverá duplicar a produção anual para as 200 mil viaturas e criar dois mil postos de trabalho até 2019.

 

Alguns fornecedores já entraram em contacto com a empresa na Alemanha para avaliar a possibilidade de passarem a produzir para os novos produtos em carteira. Enquanto esta resposta não chega, a diversificação de clientes é vista como um caminho para estes fabricantes de componentes automóveis.

 

Um dos casos é a Faurecia, que tem apresentado crescimento nos últimos anos. "60% da nossa mão-de-obra já trabalha para [projectos] fora da Autoeuropa", como a Land Rover ou a Seat, explica ao Negócios o representante da comissão de trabalhadores Daniel Bernardino.

 

Ainda assim, o responsável acredita que este processo "não é fácil" para todos as companhias daquele pólo industrial, onde a maioria depende unicamente da Volkswagen Autoeuropa.

 

Bernardino alerta ainda que os mesmos se encontram sobre pressão adicional de redução de custos por parte da fábrica do grupo alemão. "É mais fácil fazermos ver que há empresas que enfrentam dificuldades", acrescenta, pedindo uma maior atenção por parte da fabricante automóvel alemã a casos como o da Webasto.

 

Uma das soluções apontadas passa pela transição de trabalhadores entre as diferentes fábricas de Palmela, de acordo com as necessidades de cada fornecedor e da própria Autoeuropa, em caso de encerramento de alguma unidade.

 

Também o representante dos trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa partilha desta posição. Para António Chora, para que as empresas fornecedoras consigam sobreviver às mudanças produtivas, será necessário "começarem a trabalhar outros produtos".

 

Para além de marcas externas, indica outras fábricas da Volkswagen na Península Ibérica como um destino interessante para os componentes automóveis nacionais. A integração ficará, mais uma vez, dependente da decisão alemã.

 

António Chora fala numa "tendência de precariedade" laboral tendo em conta as "oscilações de produção" registadas pela Autoeuropa. Em 2014, a fábrica viu a produção aumentar em 12%, enviando para o mercado mais de 102 mil veículos. Já este ano, espera-se que não ultrapasse a fasquia dos 100 mil.

 

Contactada pelo Negócios, a administração da Volkswagen Autoeuropa diz-se "disponível para ouvir atentamente eventuais" propostas para continuar a relação já estabelecida com os fornecedores nacionais nesta nova fase produtiva.

 

Já quanto à instabilidade sentida pelos fornecedores, fonte oficial reforça apenas que a "gestão das empresas sediadas no parque industrial de Palmela é a da inteira responsabilidade dos respectivos corpos gerentes", não tecendo por isso comentários nesse sentido.

 

O Negócios tentou ainda contactar a administração da Webasto, que não se mostrou disponível para quaisquer esclarecimentos.

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