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UE não vai conseguir cumprir metas de redução das emissões dos automóveis, alerta TCE

Em 2021, as emissões do setor dos transportes representavam 23% do total da UE, sendo os automóveis de passageiros responsáveis por mais de metade. Bruxelas tem como meta chegar a zero emissões em 2035.

Os atrasos na entrega de veículos novos e a reduzida oferta de usados para a elevada procura agrava a situação de dificuldades no segmento automóvel do crédito ao consumo.
Yuriko Nakao/Reuters
24 de Janeiro de 2024 às 19:03
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De acordo com o mais recente relatório do Tribunal de Contas Europeu (TCE), publicado esta quarta-feira, a União Europeia "não vai conseguir alcançar as suas metas de redução das emissões de dióxido de carbono para os automóveis novos de passageiros, enquanto faltarem certas condições de base importantes".

Em 2021, as emissões do setor dos transportes representavam ainda 23% do total da UE, sendo os automóveis de passageiros responsáveis por mais de metade. Bruxelas tem como meta chegar a zero emissões em 2035.

"As ambições são grandes e os requisitos rigorosos, mas a maioria dos automóveis de passageiros que circulam nas estradas da UE ainda emite a mesma quantidade de CO2 do que há 12 anos. Os carros elétricos podem dar um empurrão para a União Europeia chegar perto de ter um parque automóvel sem emissões", sublinha o TCE em comunicado. 

Pietro Russo, membro do TCE responsável pela auditoria, salienta que "enquanto o motor de combustão for o rei da estrada, não haverá uma redução real e visível das emissões de CO2 dos carros. E eletrificar o parque automóvel da UE não é tarefa fácil. A revolução ecológica da UE só pode acontecer se houver muito menos automóveis a poluir", acrescentou. 

Na última década, as emissões dos carros a gasóleo nem sequer se alteraram e as dos carros a gasolina baixaram muito pouco (-4,6%), revela o relatório. Já o progresso tecnológico conseguido na eficiência dos motores a combustão nos últimos anos foi entretanto ultrapassado pelo aumento do número de automóveis  nas estradas (+10% em média) e da potência dos motores (+25% em média).

O mesmo se passa com os automóveis híbridos, revela o TCE, cujas emissões de CO2 em condições reais são em geral muito mais altas do que as medidas em laboratório. Para tentar refletir melhor a situação real, vai ser ajustada a utilização proporcional de motores elétricos e de combustão, mas só a partir de 2025. Até lá, os híbridos recarregáveis vão continuar a ser tratados como carros com baixas emissões, o que beneficia os fabricantes de automóveis.

Também até 2025, os fabricantes vão poder continuar a aplicar o regulamento sobre as emissões de CO2 dos carros, que só em 2020 já lhes fizeram poupar quase 13 mil milhões de euros em taxas sobre as emissões excessivas.

O TCE afirma que só os carros elétricos (que passaram de 1 em cada 100 matrículas de automóveis novos em 2018 para quase 1 em 7 em 2022) conduziram de facto a uma redução das emissões médias de CO2.

O relatório identifica ainda as dificuldades que Bruxelas está a ter para acelerar a utilização de carros elétricos. O primeiro obstáculo passa desde logo pelo acesso a matérias-primas para construir baterias suficientes, mas o auditor da UE também já manifestou preocupações em relação ao facto de a infraestrutura de carregamento de veículos elétricos não ser adequada, dado que 70% dos carregadores da UE estão concentrados em apenas três países (Países Baixos, França e Alemanha).

Por último, refere o TCE, é fundamental que os preços sejam acessíveis. "Como os carros elétricos são mais caros logo à partida, os consumidores podem preferir manter os seus velhos carros poluentes durante mais tempo", remata o TCE.
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