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Vendas de elétricos ligeiros de passageiros em crescimento

Veículos eletrificados crescem muito acima da média do mercado automóvel. Rede pública bate recordes de utilização. Modelo de mercado favorece crescimento.

13 de Setembro de 2023 às 15:25
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Os dados mais recentes da ACAP – Associação Automóvel de Portugal mostram uma clara dinâmica de aceleração do crescimento das vendas de veículos elétricos ou eletrificados em Portugal durante este ano. Na categoria mais ampla dos eletrificados (elétricos, incluindo recarregáveis, e híbridos elétricos e plug-in), o mercado continua a crescer muito acima da média do mercado automóvel, tendo esta categoria registado uma subida homóloga de 61,1% no mês de agosto e de 70,1% no crescimento acumulado desde janeiro.

 

No caso dos veículos puramente elétricos, os números são ainda mais impressionantes. "Em 2023, Portugal tem presenciado um crescimento vigoroso no âmbito da mobilidade sustentável, particularmente no mercado dos veículos elétricos", nota Helder Pedro, secretário-geral da ACAP. Assim, de janeiro a agosto deste ano foram matriculados 22.839 veículos ligeiros de passageiros elétricos, representando uma variação positiva de 124,2% em relação a 2022. No mesmo período de 2023, o conjunto de todos os veículos com energias alternativas à gasolina e ao gasóleo representa já 48,4% do mercado de novos veículos ligeiros de passageiros, com os veículos elétricos a ficarem com 16,4% das novas matrículas.

 

Iminente ultrapassagem dos veículos a combustão

O mês de agosto também é já um marco importante no caminho para a mobilidade sustentável. Como assinala Henrique Sánchez, presidente do Conselho Diretivo da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE): "Quase um em cada quatro veículos ligeiros de passageiros vendidos em Portugal em agosto foi um veículo elétrico – elétricos puros e híbridos plug-in –, números inimagináveis até há relativamente pouco tempo."  Ou seja, "o conjunto dos novos veículos elétricos puros e híbridos plug-in ligeiros de passageiros atingiu, em agosto, os 40,3% de quota de mercado, quase igualando a soma das vendas dos ligeiros de passageiros a gasolina e a gasóleo, que representam 40,97% do mercado. E ainda há quem não acredite nos veículos elétricos", nota o responsável da associação.

 

Para Henrique Sánchez, esta aceleração, que se verificou a partir de 2018/2019, "tem a sua origem na concessão dos carregadores da Rede Pública de Carregamento aos operadores privados, no início dos pagamentos dos carregamentos, e no aumento da oferta dos veículos elétricos por diferentes marcas, com uma maior variedade de modelos, assim como com o aumento significativo das respetivas autonomias reais". Estes fatores permitiram "um acelerar muito significativo das vendas de veículos elétricos e um crescimento muito significativo da rede nacional de carregamento, que inclui a rede pública de carregamento, redes privadas, carregadores domésticos e instalados em hotéis, restaurantes e empresas", explica este responsável.

 

Rede pública bate recordes

No caso da rede pública, para Luís Barroso, presidente da MOBI.E, entidade gestora de rede de mobilidade elétrica, "a melhor forma e mais factual de ilustrar a evolução da infraestrutura para servir a mobilidade sustentável é com números". Segundo a MOBI.E, em 2015, existiam 426 postos de carregamento, 11 dos quais rápidos e os restantes com potência igual ou inferior a 22 kW. Já no final de 2019, o número de postos de carregamento era de 710, dos quais 105 rápidos. Atualmente, a rede MOBI.E conta com cerca de 3.760 postos de carregamento de acesso público, dos quais 1.248 são rápidos e 128 são ultrarrápidos, isto é, com potências superiores a 150 kW.

 

Também o consumo de energia e o número de carregamentos têm conhecido um crescimento muito acentuado. Se, em 2015, o consumo de energia na rede MOBI.E foi de 355 MWh, em 2019, foi já de 9.445 MWh. Em 2023, e até ao momento, já foram consumidos mais de 40.000 MWh. Ao nível dos carregamentos, em 2015, registaram-se 56.423, em 2019, 890.733 e, em 2023, já ocorreram mais de 2.470.000. Por sua vez, o número de utilizadores passou de 1.024 em 2015 para 15.314 em 2019, e só em 2023 já foram mais de 128.400.

 

Modelo favoreceu adoção

Na opinião de Henrique Sánchez, o modelo existente em Portugal "veio favorecer a adoção dos veículos elétricos". "Em analogia com a área financeira, em que através da Rede Multibanco podemos realizar operações com qualquer cartão de um banco numa máquina multibanco de qualquer outro banco, na mobilidade elétrica o modelo é semelhante", conta e prossegue: "Com o cartão de um comercializador de eletricidade para a mobilidade elétrica qualquer utilizador de um veículo elétrico pode carregar o seu veículo em qualquer carregador público, independentemente do operador de posto de carregamento que é o proprietário do carregador."

 

Este responsável aponta também para o efeito positivo do programa de incentivos à aquisição de um veículo elétrico, de qualquer categoria – ligeiros de passageiros e de mercadorias, mas também no que se refere à mobilidade suave, motociclos, ciclomotores, quadriciclos, bicicletas e bicicletas de carga –, que permite a muitos cidadãos e empresas "poderem adquirir um veículo ligeiro de passageiros ou de mercadorias elétrico, recebendo um incentivo de 4.000 euros para os particulares e 6.000 euros para as empresas (e que através da Reforma da Fiscalidade Verde também estão isentas do pagamento do IVA)". Para o presidente da UVE, "manter este conjunto de incentivos e benefícios, e nalguns casos aumentá-los para serem ainda mais abrangentes e permitirem a um número cada vez maior de cidadãos adotarem a mobilidade elétrica, é sem dúvida o caminho a prosseguir".

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