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Falta de chips obriga fabricantes a tirar recursos avançados aos automóveis

Quando as fabricantes automóveis foram atingidas pela primeira vez pela falta de chips no final do ano passado, tentaram paralisar as fábricas até que os problemas estivessem resolvidos. Mas com a crise no quinto mês e cada vez pior, as empresas estão a recorrer à criatividade para manter pelo menos parte da produção.

08 de Maio de 2021 às 19:00
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A Nissan decidiu retirar sistemas de navegação de milhares de veículos que normalmente seriam produzidos com este recurso por causa da escassez de semicondutores. A Ram não oferece mais suas pickups 1500 com um espelho retrovisor "inteligente", que permite controlar os ângulos mortos. E a Renault já não instala um ecrã digital de grandes dimensões atrás do volante do seu SUV Arkana, também com o objectivo de poupar chips.

A crise é um teste histórico para uma indústria automóvel centenária, que tenta acelerar a transição para veículos elétricos mais inteligentes. Durante décadas, as fabricantes mudaram constantemente para incluir mais recursos avançados; agora, estão a retirar alguns deles - pelo menos temporariamente - para garantir as vendas.

Essa reversão destaca a gravidade dos problemas enfrentados pelo setor. Na semana passada, BMW, Honda e Ford sinalizaram mais problemas causados pela escassez de chips. A dificuldade em garantir fornecimentos essenciais é um grande revés de curto prazo - serão perdidos milhões em vendas de veículos  este ano - e um mau presságio para o futuro, à medida que a concorrência de empresas de Internet e produtos eletrónicos de consumo se intensifica.

"Isto provavelmente vai piorar antes de melhorar", disse Stacy Rasgon, que cobre a indústria de semicondutores para o Sanford C. Bernstein.

O CEO da NXP Semiconductor, Kurt Sievers, disse que a transição para veículos elétricos está a acontecer mais rápido do que o previsto, o que contribuiu para o aumento da proicura por chips. A NXP planeia vender pelo menos 20% mais chips de automóveis no primeiro semestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2019, embora a produção de veículos tenha caído cerca de 10%, disse.

Mark Liu, presidente da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., alertou que a crise está longe de acabar. A sua empresa, que fabrica os chips mais avançados do mundo e será fundamental para qualquer resolução, começará a dar resposta aos requisitos mínimos dos clientes do setor automóvel até junho, mas acredita que a falta chips possa durar até ao início de 2022, disse em entrevista à CBS.

As fabricantes não podem esperar. Uma reação à falta de chips é alocar os escassos componentes para veículos mais lucrativos e mais vendidos em detrimento de outros modelos, algo que fabricantes como a francesa Renault e a japonesa Nissan já estão a fazer.

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