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Carros eléctricos: Começou a busca pela próxima matéria-prima

O cobalto, um metal de nicho, está a levar designações minerais mais importantes, como o cobre e o lítio, a ficar pelo caminho, desencadeando a procura desenfreada por novos depósitos, desde o Idaho (EUA) até o Chile.

Bloomberg
25 de Agosto de 2017 às 17:20
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O cobalto, um dos principais componentes da nova geração de baterias recarregáveis – e cuja oferta é dominada pela República Democrática do Congo - viu os seus preços quadruplicarem o ritmo de subida do valor dos principais metais nos últimos 12 meses.

Este comportamento chamou a atenção de governos, empresas de exploração e gestores de recursos e a procura anual deverá aumentar 34% até 2026, à medida que os automóveis eléctricos ganhem maior peso na frota global de veículos, segundo a CRU Group.

Os exemplos são vários.

As autoridades do Chile, principal produtor de cobre, estão a começar uma missão de avaliação para retomar a produção de cobalto depois de uma paragem de mais de sete décadas.

A First Cobalt está a juntar-se a outras duas empresas para criar aquilo a que chama de "maior exploradora mundial" deste mineral.

Um fundo da Commodity Capital que aposta neste sector teve o melhor desempenho do mercado de ‘commodities’. E o lendário empreendedor australiano do sector mineiro, Mark Creasy, incluiu o cobalto na sua lista mais recente de alvos.

"O cobalto é a próxima grande novidade", afirmou Dana Kallasch, co-fundadora da Commodity Capital. O Global Mining Fund da empresa deu retorno de cerca de 70 por cento neste ano, superando 213 pares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O mineral, antes usado na indústria cerâmica para obter a cor azul-escura, é agora procurado por fabricantes de automóveis e de telefones, como a Tesla e a Apple.

Congo assegura maioria do cobalto mundial

Mais da metade da produção global vem do Congo. O país africano produziu 66 mil toneladas no ano passado, contra 7.700 da China, a segunda maior produtora. No Congo, o cobalto é extraído de maneira basicamente informal e em condições precárias, muitas vezes envolvendo trabalho infantil.

"Vemos que as empresas estão mais cautelosas em relação à origem do cobalto e pedem aos fornecedores que tenham a documentação correcta", disse Rebecca Gordon, directora de metais para tecnologia da CRU Group, a partir de Londres. "Mas, noutros lugares, há muita coisa que não está a ser feita."

O mercado de cobalto regista um défice de 5.500 toneladas, segundo a CRU, tendo a oferta global diminuído em 3,9 no ano passado 2016. Os projectos de lixiviação de minério da Katanga, pertencente à Glencore, e de recuperação de rejeitos da Eurasian Resources Group - ambos em aceleração este ano no Congo - deverão ajudar a reduzir a escassez de oferta. O aumento dos preços incentiva os operadores da Ásia e de outros países a produzir cobalto como subproduto de outros metais, como níquel e cobre.

Chile também quer entrar na lista

A agência de desenvolvimento chilena Corfo reuniu-se recentemente na Europa com empresas como a Samsung SDI e a Umicore no âmbito de um roadshow sobre o lítio, outro componente-chave das baterias de carros eléctricos. Algumas delas mostraram-se interessadas no cobalto chileno, disse Eduardo Bitran, vice-presidente-executivo da Corfo.

No regresso a Santiago, a Corfo começou a consultar registos que mostram que foram extraídas mais de 7 milhões de toneladas de cobalto no Chile entre 1844 e 1941. Um documento de 1944 mostra que a qualidade média do minério era mais de duas vezes superior à média obtida da produção actual do Congo. E na semana passada, a agência iniciou uma campanha para determinar, em 60 dias, quanto cobalto o Chile armazena no seu subsolo.

"Estamos a conversar com pessoas mais velhas da região de Coquimbo para descobrir onde eram as antigas minas, saber quem são os donos das terras e recolher as primeiras amostras", disse Bitran. "Não temos uma estimativa de reserva, mas queremos reunir elementos e disponibilizá-los ao sector privado," acrescentou.

Texto publicado originalmente a 23 de Agosto, disponível no site da Bloomberg.
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