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"Sonhadores" respondem a Trump que ninguém lhes "tirará a dignidade"
Os "Sonhadores", beneficiários do programa migratório norte-americano que impediu a deportação de 800.000 ilegais e cujo fim foi anunciado esta terça-feira, criticaram a "cruel e vergonhosa" decisão do Governo Trump e afirmaram que ninguém lhes "tirará a dignidade".
Concentrados na praça Lafayette, mesmo em frente à porta da Casa Branca, mais de meia centena de "Dreamers" e activistas pelos direitos cívicos prometeram continuar a luta para exigir do Governo uma solução para a sua irregular situação migratória.
Hoje de manhã, o procurador-geral, Jeff Sessions, anunciou oficialmente a decisão de eliminar o programa DACA - Deferred Action for Childhood Arrivals (Ação Diferida para Imigração Infantil), em vigor desde 2012, embora acrescentando que a suspensão da sua aplicação só se tornará efectiva daqui a seis meses, para obrigar o Congresso a encontrar uma alternativa.
Promulgado pelo anterior chefe de Estado norte-americano, Barack Obama, o programa dava protecção temporária a mais de 800.000 jovens, 75% dos quais procedentes do México, chegados aos Estados Unidos enquanto crianças.
Graças ao DACA, esses jovens conseguiam travar a sua expulsão do país, obter vistos temporários de trabalho e, em alguns casos, até carta de condução.
Da Casa Branca, os manifestantes seguiram para continuar o protesto em frente ao Congresso, ao Departamento de Justiça e ao hotel Trump International, propriedade do actual Presidente dos Estados Unidos.
Os congressistas norte-americanos de origem hispânica pediram hoje aos seus pares que trabalhem com urgência na aprovação de uma lei que proteja os cerca de 800.000 jovens que daqui a seis meses perderão a protecção do DACA.
A senadora democrata do Nevada Catherine Cortez Masto assegurou, em comunicado, que "a luta não acabou" e instou os republicanos da câmara alta do parlamento a "considerarem e aprovarem o 'Dream Act'".
O objectivo dos latinos é que seja dada luz verde a uma nova versão do 'Dream Act', que já foi apresentada no Congresso e que permitiria aos jovens indocumentados obter a residência e, posteriormente, a cidadania norte-americana mediante o cumprimento de vários requisitos.
O também democrata e senador por Nova Jérsia Bob Menéndez classificou como "emergência nacional" a aprovação de uma lei no Congresso, de maioria republicana, que resolva a situação antes que expire o prazo dado pela administração Trump.
O senador John McCain, um dos republicanos mais críticos das decisões de Donald Trump, defendeu que a eliminação do DACA representa um erro, numa altura em que os congressistas dos dois partidos precisam de chegar a acordo sobre um "outro sistema migratório e garantir a segurança da fronteira".
Por isso, McCain assegurou que trabalhará com todos os congressistas para "elaborar e aprovar uma reforma migratória integral que inclua o 'Dream Act'".
O presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, que na semana passada pediu a Trump que mantivesse o programa DACA, anunciou hoje que procurará obter um "consenso" com o Presidente e os líderes do Senado para aprovar uma "solução legislativa permanente".