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Sampaio da Nóvoa anuncia candidatura para “não deixar tudo na mesma”

António Sampaio da Nóvoa oficializou a candidatura à presidência da República. Com 61 anos, o ex-reitor da Universidade de Lisboa quer “juntar os portugueses em torno de um projecto de mudança” e prometeu que “este é o primeiro dia do resto das nossas vidas”.

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29 de Abril de 2015 às 21:59
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De Sophia de Mello Breyner a Zeca Afonso, passando por Sérgio Godinho, o discurso do anúncio da candidatura presidencial de António Sampaio da Nóvoa fez-se de constantes alusões aos ideais de Abril.

 

Esta quarta-feira, 29 de Abril, em Lisboa, foi perante um Teatro da Trindade lotado que Sampaio da Nóvoa oficializou a já certa candidatura à presidência da República. Sem nunca ter tido filiação partidária, nem tendo desempenhado funções políticas, Sampaio da Nóvoa, com 61 anos, realçou que isso não o engrandece, nem diminui, apenas "marca uma diferença".

 

Num discurso carregado de simbolismo, Sampaio da Nóvoa agradeceu de forma particular a presença na plateia de Mário Soares e Jorge Sampaio, antigos presidentes da República, sublinhando a herança que estes deixaram e que temos de "honrar e renovar". Mas a presença socialista não se resumiu aos ex-presidentes, com João Cravinho e Vítor Ramalho a também marcarem presença. 

 

"Este é o primeiro dia, inteiro e limpo", disse o ex-reitor numa alusão aproximada ao poema de Sophia de Mello Breyner dedicado ao 25 de Abril, para de seguida justificar que a sua candidatura servirá para lutar contra uma política com a qual não se revê.

 

"Que política é esta que depois da crise anuncia mais crise? Que priva os cidadãos de futuro?", questionou, para vincar de seguida que "não podemos permitir que a crise se eternize (…), destruindo um a um os ideais de Abril". A resposta não tardou. Na óptica de Sampaio da Nóvoa, "a política não serve para justificar inevitabilidades, serve para abrir caminhos".

 

Assegurando que a sua candidatura não servirá "para deixar tudo na mesma, mas sim para juntar os portugueses em torno de um projecto de mudança", o homem natural de Valença do Minho lembrou Sérgio Godinho para explicar que a concretização deste projecto depende da coragem: "Dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo, bebe-se a coragem até de um copo vazio".

 

O académico durante cerca de 40 anos insistiu na tentativa de transmitir a ideia de que o seu projecto é inclusivo e baseado em coragem. Por isso falou numa candidatura para "unir os portugueses" em torno de "pactos de mudança e não de resignação". "Tudo na mesma é que não", atirou para logo voltar a Sérgio Godinho. "Vamos a isto que se faz tarde, este é o primeiro dia do resto das nossas vidas".

 

Talvez recordando a candidatura presidencial protagonizada em 2011 por Fernando Nobre, Sampaio da Nóvoa assegurou que renuncia desde já "a qualquer outro projecto para além da minha actividade docente, para que tudo fique claro nas minhas intenções e motivações".

 

A chegada da música de fundo pressagiava que o discurso se aproximava do final, e foi recorrendo a outro cantor celebrizado por Abril que António Sampaio da Nóvoa deixou o sucesso da sua candidatura nas mãos dos portugueses: "Não tenho outra força que não a vossa, que cada um de vós traga outro amigo também". O Teatro respondeu ao apelo e despediu-se efusivamente.

 

Remoque a Cavaco e garantia de apreço pelas Forças Armadas

 

Para lá dos simbolismos e de uma retórica trabalhada, António Sampaio da Nóvoa fez questão de lançar promessas e críticas concretas. Primeiro prometeu que dará uma "atenção muito especial às Forças Armadas e à sua dignificação", para de seguida declarar que "precisamos de nos aliar às forças de mudança que timidamente se vão revelando na Europa".

 

O principal responsável pela fusão das universidades Clássica e Técnica de Lisboa, demonstrou assim, de forma clara, o seu apoio a uma mudança de política ao nível europeu, algo por que, por exemplo, o secretário-geral socialista, António Costa, vem clamando. O mais recente candidato oficial a Belém defende ser premente encontrar "soluções viáveis para o pagamento das dívidas soberanas".

 

Já no que pareceu um remoque ao actual Presidente, Cavaco Silva, o homem natural de Valença do Minho prometeu que "não serei um espectador impávido perante a degradação da nossa vida pública", prometendo ainda ser "um Presidente presente".

 

"Não me resignarei perante a destruição do Estado-social, nem perante situações insuportáveis de pobreza, ou quaisquer outras circunstâncias que ponham em causa a dignidade humana", prosseguiu. Lutar contra todas as formas de discriminação, nomeadamente das mulheres, e contra a "emigração forçada que manda para o estrangeiro o melhor de nós", foram outras das promessas deixadas.

 

A 29 de Novembro último, no Congresso Nacional do PS, Nóvoa sustentou ver em António Costa uma pessoa capaz da "viragem que tem [de ser feita] em Portugal e também na Europa". Apesar de parecer cada vez mais provável o apoio do PS a Sampaio da Nóvoa, especialmente depois da aparente recusa do ex-primeiro-ministro António Guterres, fica ainda por confirmar se Costa também vê no ex-reitor da Universidade de Lisboa a pessoa capaz de "juntar os portugueses em torno de um projecto de mudança".

 

(Notícia actualizada às 22h21)

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