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Rio quer Centeno fora do Governo

O presidente do PSD recorreu ao Twitter para defender que Mário Centeno não dispõe de condições para continuar no Governo depois da crise no seio do Executivo espoletada pela transferência para o Novo Banco. Paulo Rangel exige demissão.

António Cotrim
13 de Maio de 2020 às 19:02
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O PSD intensifica a pressão sobre Mário Centeno e defende que o ministro das Finanças não tem condições para continuar a governar. Via Twitter, o líder social-democrata, Rui Rio defende que Centeno "não tem condições para continuar". 

"Se estava mal, com esta prestação na AR, Centeno ainda ficou pior. Não tem condições para continuar! Mal vai um primeiro-ministro que mantém um ministro que não lhe foi leal, que tem a crítica pública do Presidente da República, que a bancada do PS não defendeu e que diz ser irresponsável fazer o que o primeiro-ministro anunciou", escreveu Rio naquela rede social. 

Os sociais-democratas cerram agora o ataque ao ministro das Finanças. Em declarações ao programa Casa Comum, da Renascença, o eurodeputado Paulo Rangel havia já defendido que Centeno "tem de ser demitido ou tem de se demitir", considerando inaceitável que o ministro das Finanças possa prosseguir após ter "ocultado" informações. 
Durante a tarde, num debate parlamentar de atualidade a propósito do Novo Banco, o deputado do PSD, Duarte Pacheco, questionou o PS sobre se Mário Centeno ainda será efetivamente o responsável pelas Finanças. "Será que, para o PS, o senhor ministro das Finanças já não o é de facto e os portugueses ainda não o sabem", perguntou dirigindo-se à bancada socialista.

Depois de, na quinta-feira passada, o primeiro-ministro ter garantido ao Bloco de Esquerda que não haveria nenhuma transferência para o Novo Banco até estar concluída a auditoria em curso no banco, o Expresso noticiou que, afinal, o Ministério das Finanças havia autorizado a transferência dias antes. Em resultado, Costa foi obrigado a pedir desculpas ao Bloco. 

Desde então o caso tem escalado de proporções. Centeno começou por assegurar, na terça-feira, que tinha existido uma "falha de comunicação" no seio do Governo, porém, já esta quarta-feira, no Parlamento, o ministro assegurou que a decisão de dar luz verde à transferência não foi feita "à revelia de ninguém". 

O Presidente da República não gostou da posição assumida por Centeno e colocou-se ao lado do primeiro-ministro. 

"Havendo, e bem, uma auditoria cobrindo o período até 2018 - a auditoria que eu tinha pedido há um ano - faz todo o sentido o que disse o senhor primeiro-ministro no parlamento. É que é politicamente diferente o Estado assumir responsabilidades dias antes de se conhecer as conclusões de uma auditoria, ou a auditoria ser concluída dias antes de o Estado assumir responsabilidades", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Já em declarações efetuadas ao final da tarde na Assembleia da República, o presidente do PSD afirmou que, na sua opinião, o ministro das Finanças "não tem condições" para debater quinta-feira o Programa de Estabilidade no parlamento, mas remeteu para o primeiro-ministro a avaliação sobre a situação de Mário Centeno.

Sem condições para debater Programa de Estabilidade

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Rui Rio verbalizou as críticas que já tinha deixado antes numa publicação no Twitter, em que defendeu que Mário Centeno "não tem condições para continuar" no Governo e que será "uma má decisão" se António Costa o mantiver no executivo.

"Ele não foi leal ao primeiro-ministro, ele já tem uma crítica pública do Presidente da República e, hoje à tarde, no debate no parlamento a bancada do PS não o defendeu, limitou-se a criticar o passado para não ter de ficar calado", disse o líder do PSD em declarações aos jornalistas, citadas pela Lusa.

O líder do PSD referiu-se ainda à audição parlamentar de Mário Centeno, hoje de manhã: "Disse que seria irresponsável não se pagar [ao Fundo de Resolução] e esperar pela auditoria [ao Novo Banco]. Ao dizer isto, está a considerar que quer o primeiro-ministro quer o Presidente da República foram irresponsáveis".

Questionado se essa demissão deve acontecer antes do debate, na quinta-feira, do Programa de Estabilidade, Rio remeteu a avaliação do `timing´ para o primeiro-ministro.

No entanto, à pergunta se Mário Centeno terá condições para protagonizar esse debate, o líder do PSD foi claro.

"Eu pessoalmente acho que não tem, mas veremos se ele vem ou não, veremos quem é que o Governo manda amanhã para o Programa de Estabilidade", disse.

Rio fez questão de salientar que esta posição reflete "o que faria se estivesse no lugar do primeiro-ministro".

"Não é a oposição que faz remodelações, depois há um juízo político sobre o primeiro-ministro se mantém em funções um ministro das Finanças que tem este comportamento", afirmou.

(Notícia atualizada com declarações de Rui Rio no Parlamento)
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