"Do nosso ponto de vista a posição do presidente da Assembleia da República e dos partidos que suportam o Governo não tem consistência jurídica e muito menos consistência política, mas ainda assim mostramos a nossa predisposição construtiva para ultrapassar aquele que tem sido invocado como um pretexto para inviabilizar a actividade desta comissão de inquérito", anunciou o presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Montenegro, numa conferência de imprensa conjunta com o líder do grupo parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães.

Isto é, acrescentou, será retirada a parte do objecto relativa a uma "indagação directamente relacionada com o processo negocial que está a decorrer entre o Governo e Bruxelas".

Luís Montenegro vincou que, se depois de retirado esse ponto do objecto, se se mantiver a "obstrução e o bloqueio" à comissão de inquérito estarão ultrapassadas "todas as oportunidades admissíveis e está em causa um exercício democrático, constitucional e legal de um direito dos deputados".

Questionado "quem tem medo do inquérito parlamentar à CGD, que interesses estão a ser ou a tentar ser protegidos para que o parlamento inicie processo de descoberta da verdade sobre todos os negócios que envolveram a necessidade da Caixa ter de ser capitalizada", Luís Montenegro garantiu que PSD e CDS-PP não irão ceder nos seus propósitos e no direito que têm de constituir "forma imediata e obrigatória" esta comissão parlamentar

"Quem tem medo do apuramento da verdade relativamente à CGD e a essas necessidades de injecção de dinheiro público dos contribuintes?", interrogou ainda.

O líder parlamentar do PSD assegurou ainda que apesar da decisão de retirar do objecto da comissão de inquérito a parte relacionada com o processo negocial que está a decorrer entre o Governo e Bruxelas, isso não significa que esteja a abdicar de a escrutinar numa fase posterior "utilizando todas a prerrogativas e todas os instrumentos que o regimento e constituição conferem aos deputados".

"Os contribuintes irão saber porquê, como, de que forma, irão ter que suportar uma recapitalização de muitos milhares, milhões de euros", corroborou o líder parlamentar do CDS-PP, lamentando que partidos como o PCP e o BE que era "tão ciosos em saber o que se passa no sistema financeiro e bancário" hoje fujam comissão de inquérito sobre a recapitalização de um banco público.

"Este comportamento do BE e do PCP, prova que muito rapidamente se renderam ao poder e tornaram o voto nestes partidos numa inutilidade", disse.