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Passos não apoiou vinda da troika, apenas deu o "apoio da oposição para evitar o precipício"

O primeiro-ministro mantém que não apoiou a vinda da troika até porque essa era uma responsabilidade do Governo. Passos Coelho garante que se limitou a fornecer "o apoio da oposição para evitar o precipício".

Correio da Manhã
16 de Setembro de 2015 às 13:53
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Prossegue a disputa entre o PS e os partidos da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) sobre a quem cabe a responsabilidade de, em 2011, ter chamado a troika. O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afiança não ter apoiado a vinda da troika para Portugal, explicando que se limitou a garantir a "ajuda necessária para enfrentar uma crise de proporção gigantesca como aquela que nós recebemos".

 

Esta quarta-feira, 16 de Setembro, à entrada para uma conferência na Fundação Paula Rego, em Cascais, Passos Coelho reagiu assim à carta, hoje publicada pelo jornal Público, em que o então líder do PSD se dirigia pela primeira vez ao na altura primeiro-ministro, José Sócrates, assegurando que o maior partido da oposição não deixaria "de apoiar o recurso aos mecanismos financeiros externos". Nessa missiva, Passos referia que "se o Governo achar que por qualquer razão, é preciso contrair um empréstimo especial para evitar incumprimento de Portugal no exterior, o Governo tem todas as condições para o poder fazer, e não é o PSD que vai pôr isso em causa". "O PSD apoiará isso", concluía à data o então líder da oposição.

 

O actual primeiro-ministro sublinha que apenas transmitiu a José Sócrates que "se precisasse do apoio da oposição para evitar o precipício", poderia contar com o PSD. Passos realçou ainda que o pedido de ajuda externa é uma competência exclusiva do Governo da República. "Aquilo que eu nessa carta disponibilizei foi apoio para que o Governo fizesse aquilo que achasse que tinha de fazer", afirmou Passos Coelho aos jornalistas presentes na fundação. Nessa carta, o já líder do PSD dizia saber que "a competência pela gestão das responsabilidades financeiras do país cabe por inteiro ao Governo".

 

"Limitei-me a recordar que, quer os bancos portugueses, quer o sistema financeiro internacional, tinham alertado para o facto de Portugal não ter dinheiro" para assegurar as suas responsabilidades, continuou o primeiro-ministro que, em 2011, alertava ter recebido a informação "de que o nosso sistema financeiro não se encontra, por si só, em condições de garantir o apoio necessário para que o Estado português assegure as suas responsabilidades externas em matéria de pagamentos durante os meses mais imediatos".

 

Perante o embate entre a narrativa da actual maioria e aquela adoptada pelos socialistas, o primeiro-ministro fez questão de notar o "embaraço do líder do PS porque o que essa carta veio recordar foi o momento dramático que o país estava então a viver". A atribuição de culpas ao PSD feita por vários dirigentes socialistas não passa de um "tiro saído pela culatra", criticou o líder do Executivo que salienta que hoje a conjuntura da altura era "bem diferente da actual".

 

Decorridos mais de quatro anos desde a formalização do pedido de intervenção externa, Passos lembra que na altura teve o "gesto responsável que se exigia do líder do principal partido da oposição". E a já citada missiva "aconteceu para que o Governo se sentisse apoiado", insistiu o também presidente do PSD que lamenta que passado este tempo se venha recordar que na altura "a casa estava a arder".

 

Por fim, o candidato a renovar o mandato enquanto primeiro-ministro reconhece que "esse programa de ajuda nem sequer teria chegado a Portugal se a oposição não se comprometesse" a apoiá-lo e rematou dizendo que "por mais graçolas que se divulguem, e eu não gosto que se façam graças com coisas sérias, foi este Governo que dispensou a troika". 

 

Já ao início da manhã, também na Fundação Paula Rego, o vice-primeiro-ministro e líder do CDS, Paulo Portas, notava que "o estado de negação do PS é um sinal de risco de que, se pudessem, podiam repetir o mesmo em 2015". Antes, o antigo ministro das Finanças e representante do PSD nas negociações com a troika, Eduardo Catroga, numa carta aberta dirigida a António Costa, secretário-geral socialista, afiançava que "está para além de qualquer dúvida e de qualquer reinterpretação do passado que foram o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, e o ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, a chamar a troika". Pedro Silva Pereira, antigo braço direito de Sócrates, respondeu de imediato a Catroga lembrando que foi o "chumbo do PEC IV, pelo PSD" que levou à inevitabilidade da vinda da troika.
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