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Passos Coelho foi a Vila de Rei falar em “grande união” para “Portugal viver sem a troika”

O primeiro-ministro insistiu na necessidade de diálogo entre os vários partidos, apesar de terem acabado as conversações para o “compromisso de salvação nacional” solicitado por Cavaco Silva. Tudo para que Portugal consiga acabar com o programa de assistência financeira em Junho, a data prevista.

Thomas Peter/Reuters
22 de Julho de 2013 às 11:51
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“Estamos numa fase em que precisamos de uma grande união”. Esta foi a mensagem central do discurso de Pedro Passos Coelho feito esta segunda-feira em Vila de Rei.

 

Dias depois de ter caído por terra o “compromisso de salvação nacional” pedido pelo Presidente da República, e um dia depois de Cavaco Silva ter reiterado confiança no Executivo de Passos Coelho, o primeiro-ministro afirmou que é necessário “pôr divergências de lado” e “caminhar de forma mais unida”.

 

“Ainda não foi possível chegar a esse entendimento, mas houve coisas em que nós estivemos próximos de ter entendimento”, afirmou Passos Coelho em Vila de Rei. “Convém aprofundá-las”.

 

Na sexta-feira, o secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, apesar de muito crítico da postura do PSD e do CDS-PP nas negociações em busca desse acordo interpartidário, admitiu que havia elementos de consenso em que se poderia trabalhar.

 

Passos e Cavaco falam no mesmo sentido

 

Cavaco Silva fez este domingo um discurso em que admitiu que não foi possível chegar a um “compromisso de salvação nacional” mas mostrou-se certo de que tal acabará por ocorrer num futuro a médio prazo. Passos Coelho fez um discurso que vai no mesmo sentido. “Mesmo não tendo sido possível esse compromisso agora, o País precisa dessa união. O Governo irá procurá-lo também”, disse o primeiro-ministro.

 

“Depois, nas eleições, os portugueses escolherão quem quiserem para governar”, disse Passos Coelho. Um dos pilares da proposta por Cavaco Silva apontava para eleições antecipadas depois de concretizado o programa de ajustamento, após Junho de 2014. Sem acordo, e depois da declaração de domingo, a legislatura deverá manter até ao seu término, em 2015.  

 

Governo reitera fim do resgate na data prevista

 

No seu discurso desta segunda-feira, o líder do Executivo quis frisar que pretende terminar o programa de ajustamento com a troika na data prevista, Junho de 2014. Esse objectivo é um dos responsáveis para que insista na "união".

 

“Apesar de podermos ter as nossas divisões, as diferenças de opinião, precisamos de mostrar um sentido de união, de responsabilidade, que permita aos portugueses, e também aos investidores externos, acreditarem e terem confiança em como nós vamos vencer os problemas, nos prazos e nas datas que ficaram acordados”, assegurou Passos Coelho, numa altura em que tem sido especulada a negociação de um programa de ajuda cautelar para o período que se seguir ao regresso de Portugal aos mercados de financiamento.

 

Alterações prometidas vão ser feitas


A palavra confiança foi central nas declarações feitas por Passos Coelho. “Tudo tem de ter confiança”. E essa confiança foi abalada, admitiu, pela crise política criada pela demissão de Vítor Gaspar, sua substituição por Maria Luís Albuquerque e consequente pedido de demissão – entretanto retirado – de Paulo Portas. “Depois da crise por que passamos, a confiança que conquistámos ao longo destes dois anos, essa confiança foi abalada”, declarou.

 

A vida não vai ser fácil, mas vamos querer honradamente seguir o nosso caminho”.
 
Passos Coelho, Vila de Rei, 22 de Julho

 

“Iremos reconstruir essa confiança, sem pôr dúvidas sobre o processo que estamos a realizar, dizendo ‘nós queremos acabar o programa de assistência na data prevista”, reiterou o primeiro-ministro em declarações transmitidas pelas televisões nacionais.


“Vamos fazer as alterações que tínhamos prometido, para podermos viver sem a troika”, disse Passos Coelho sem concretizar que alterações serão essas. Com as palavras de apoio de Cavaco Silva este domingo, o actual Governo poderá pedir a sua reformulação, através da qual Paulo Portas ganha o papel de vice-primeiro-ministro, como pretendia há duas semanas. “Depois disso, a vida não vai ser fácil, mas vamos querer honradamente seguir o nosso caminho”.

 

Mais cortes nas despesas são necessários

"Ainda assim não conseguimos reduzir as nossas despesas totalmente"
 
Passos Coelho, Vila de Rei, 22 de Julho


A vida não ser fácil porque, como frisou o primeiro-ministro, serão necessários mais cortes na despesa pública. Um dos elementos de discussão que impediu o “compromisso de salvação nacional” entre o PDS, CDS-PP e PS foi o corte de 4,7 mil milhões de euros na estrutura de despesas nacionais acordado com a troika.

 

“Apesar de termos comprimido muito as nossas despesas, ainda assim não conseguimos reduzir as nossas despesas totalmente para que o dinheiro que nos deram as pudessem pagar”, avisou Passos Coelho num momento em que alertou para os riscos de pensar que as dificuldades já passaram ou que o “esforço não deve ser tão exigente”.

 

Sobre o que correu mal no processo já vivido, o líder do Governo falou num “certo pessimismo” que fez com que “muita gente que podia gastar dinheiro não tivesse gasto”. Para Passos Coelho, que sublinhou não estar a falar dos que perderam rendimentos mas dos que não investiram por receio do futuro, foram esses os responsáveis para que a crise nacional tenha sida mais forte do que se pensava.

 

(Notícia actualizada às 12h00 pela primeira vez; notícia actualizada com mais informação às 12h30)

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