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Passos Coelho diz que o memorando do PS "não era cumprível"  

O primeiro-ministro explicou em entrevista à SIC porque teve de trair algumas das promessas eleitorais que fez em 2011: o memorando estava mal feito e foi preciso "fazer tudo por tudo" para o cumprir. Incluindo recuar nas promessas eleitorais.  

Miguel Baltazar
14 de Julho de 2015 às 21:49
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O primeiro-ministro disse esta terça-feira, em entrevista à SIC, que o memorando original entre Portugal e a troika, negociado pelo anterior Governo, "não era cumprível". "As contas estavam mal feitas e não fui eu que as fiz", acrescentou, exemplificando com as enormes discrepâncias entre os défices previstos para 2010 e 2011 e os que se verificaram.

 

O memorando original, conta Passos, "dizia que nós, em 2011, tínhamos de alcançar um défice de 5,9%. Sabe qual era o défice no dia que tomei posse, de acordo com o INE? Era de 9%", lembrou. "O nosso objectivo era de 5,9%. A perspectiva associada ao memorando era que partiríamos de 2010 de um défice que podia rondar entre 7,5% e 8%", mas o "défice de 2010 foi de 10%".

 

"Pedia-se que passasse de um défice de 10% para 5,9%. Teríamos de fazer um processo de consolidação orçamental correspondente a quatro pontos percentuais do PIB", prosseguiu Passos Coelho, lembrando que "a Irlanda tinha de alcançar uma consolidação de 0,1% do PIB".

 

Foi nesse momento que Passos Coelho assumiu que teve de decidir trair as suas promessas eleitorais. "Nessa altura tinha uma de duas escolhas para fazer, não havia uma terceira. Ou dizia: vamos anunciar que este programa não é cumprível, e portanto requerer um segundo programa - e estaríamos como está a Grécia -, ou vamos dar tudo por tudo, diga-se o que se disser sobre o que eu disse na campanha eleitoral e sobre o memorando original", contou. "E foi o que fizemos".

 

Sem tomar medidas adicionais, troika ainda cá estava

 

Para o primeiro-ministro, se não tivesse sido essa a decisão "ainda a troika estava cá e estávamos com as mesmas dificuldades da Grécia. A decisão foi de tornar um programa que não era cumprível" num programa "que fosse possível cumprir", destacou.

 

Relativamente à Grécia, e ao acordo acertado na segunda-feira, Passos Coelho assinalou que, se ele não tivesse existido, a Grécia teria mesmo de sair da moeda única. E garantiu que tanto "Portugal como a Irlanda tiveram sempre durante este período uma atitude muito compreensiva e colaborativa", até porque ambos apoiaram "dar à Grécia condições" que não tinham.

 

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