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Passos Coelho: “Portugal teve sempre uma atitude muito compreensiva e colaborativa” com a Grécia

O primeiro-ministro garantiu esta noite, em entrevista à SIC, que Portugal não criou entraves a um acordo com a Grécia, e lembra que em 2012, tanto Portugal como a Irlanda aceitaram dar a Atenas condições mais favoráveis do que as que tinham.

Miguel Baltazar/Negócios
14 de Julho de 2015 às 23:14
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Passos Coelho levantou o véu sobre as negociações que envolveram o apoio à Grécia na entrevista que concedeu esta noite à SIC. Por um lado, afirmou que "não houve nuances importantes" entre os parceiros, rejeitou que a proposta alemã de a Grécia sair temporariamente do euro tenha sido de "ameaça" e reiterou que Portugal foi sempre compreensivo com a Grécia, não tendo, aliás, colocado questões ao acordo.

 

"Quando chegamos à reunião [no passado domingo], havia um texto base que era comum a todos os ministros das Finanças, nomeadamente o ministro grego [Euclid Tsakalotos], e havia exigências que a Grécia estava a fazer que não eram aceites pelo conjunto dos ministros da Zona Euro", descreveu. Além disso, "havia questões colocadas por alguns estados" para a Grécia esclarecer, mas "Portugal não criou nenhuma condição".

 

Questionado sobre uma posição agressiva de Portugal, Passos Coelho puxou a fita até 2012. "Em 2012 a Grécia precisou de segundo programa de assistência. Nessa altura, todos os países europeus, em particular os que estavam em programa, aceitaram dar à Grécia condições que eles próprios não tinham". "Estávamos a aplicar programas bastante rigorosos e mesmo assim admitimos que a Grécia tivesse condições que não tivemos: por exemplo, durante 10 anos a Grécia não paga juros dos empréstimos europeus", lembrou.

 

"Portugal, como a Irlanda, tiveram sempre, durante este período, uma atitude muito compreensiva e colaborativa, justamente porque não queríamos passar por um período de instabilidade que pudesse pôr em dúvida os nossos programas".

 

Saída da Grécia do euro era "inevitável" sem acordo

 

Esclarecendo que espera "sinceramente" que o acordo com a Grécia seja posto em prática, Passos Coelho sustentou que "a posição que a Alemanha assumiu nesta matéria [uma saída do euro por cinco anos] não era uma posição de ameaça à Grécia, era uma questão de discutir todas as possibilidades com o governo grego".

 

E era uma inevitabilidade. "Se um acordo não vier a ser obtido, e julgo que vai ser obtido, porque o acordo de princípio está consagrado, o BCE estaria impedido estatuariamente de ceder mais liquidez aos bancos gregos. O que significa isto? Que deixaria de haver circulação monetária na Grécia", sublinhou Passos Coelho.

 

"O que é que um estado, na ausência de moeda, pode fazer para pagar salários" e dívidas? "Seria inevitável. Se não houvesse acordo teríamos de acordar com o governo [grego] os termos para que se pudesse criar uma moeda alternativa". Apesar disso, "estou muito persuadido que esse cenário foi evitado".

 

Passos Coelho reforçou a ideia de que, mesmo com a saída de Atenas, em Portugal "não seríamos apanhados de surpresa". Porém, "ninguém sabe o que podia representar do ponto de vista político e económico a saída de um país da Zona Euro".

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