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Passos Coelho: "Não temos pressa" em vender Novo Banco
O primeiro-ministro diz ter total confiança no Banco de Portugal para proceder à venda do Novo Banco "de modo a que o sistema financeiro pague o menos de prejuízo, se houver prejuízo".
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"Nós não temos pressa de vender o Novo Banco e não estamos a influenciar o Banco de Portugal", disse esta noite Pedro Passos Coelho no debate com a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, na RTP Informação.
Negando a versão de que o Governo tem pressa de vender o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha e que quer concluir o negócio rapidamente antes das eleições, Passos Coelho disse várias vezes que existe toda a confiança no Banco de Portugal no que diz respeito à condução deste processo.
A questão do Novo Banco surge no dia em que o Diário Económico e o Sol noticiaram que a alienação do herdeiro dos activos e passivos considerados saudáveis do Banco Espírito Santo vai ser adiada. Neste momento, depois de os chineses da Anbag já terem sido excluídos, seguem-se negociações com a Fosun, ainda que o preço a pagar continue a causar separação em relação ao Banco de Portugal. O fundo norte-americano Apollo é o terceiro candidato na lista do regulador para negociar a compra.
O primeiro-ministro quis deixar claro que "o Estado emprestou, não é accionista do Novo Banco", lembrando que, dos 4,9 mil milhões de euros colocados no Fundo de Resolução, 3,9 mil milhões foram emprestados pelo Estado e os restantes mil milhões foram avançados pelos restantes bancos para a necessária recapitalização do NB. Se a venda do Novo Banco for inferior a esses 4,9 mil milhões, haverá um prejuízo. E quem o paga? "São os bancos que suportarão essas perdas e o banco público que é a CGD terá a sua parte nessa matéria", afirmou Passos Coelho.
Catarina Martins disse ser mentira que o Governo não esteja no Fundo de Resolução e que "é uma mistificação que nos diga que não tem nada a ver com a resolução do BES". "É mentira, é dinheiro público que lá está".
O presidente do PSD contrapôs a porta-voz bloquista, frisando que há uma diferença entre a autoridade de resolução ou ter um membro no Fundo de Resolução.
O debate aqueceu em torno desta questão e Catarina Martins salientou que "no Novo Banco há dinheiro público, por isso há custos para os contribuintes". E acrescentou que "fomos lesados três vezes": porque o dinheiro que está no Fundo de Resolução conta com 3,9 mil milhões de dívida pública, porque os bancos serão chamados a arcar com os prejuízos e porque a administração é pública e a dívida é pública, "pelo que a litigância vai cair-nos em cima" [dos contribuintes].
"Este Governo encolhe os ombros quando vê que a situação do Novo Banco pode fazer subir o défice em mais dois pontos. Mais dois, menos dois… no sistema financeiro tudo pode acontecer. Tivemos casos claros de fraude, BPN, BPP e BES, e os contribuintes sempre foram chamados a pagar", acusou Catarina Martins, dizendo que o PSD tem chumbado todas as propostas do Bloco de Esquerda nesta matéria, mesmo perante a evidência de que "a finança é predadora do país".
Passos Coelho frisou que "não há nenhum impacto directo negativo para o contribuinte porque o banco não foi nacionalizado, como aconteceu com o BPN – que por isso custou 2,7 mil milhões de euros aos portugueses e pode vir a custar mais 2,3 ou 2,4 mil milhões, ou seja, mais de 5 mil milhões no total".
"O facto de o Estado ter emprestado dinheiro, não quer dizer que ele não retorne. Já o emprestou outras vezes e recebeu. O Estado não está a injectar dinheiro neste banco", disse o presidente social-democrata, afirmando que se o BES tivesse sido nacionalizado como o BPN, o custo para os contribuintes seria bastante alto.
"Se o BPN pode custar mais de cinco mil milhões no total, imagine o que não custaria o BES", atirou Passos Coelho, acrescentando que "nós é que nos recusámos a salvar o Grupo Espírito Santo e a nacionalizar o BES".
(notícia actualizada às 22h39)