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António Costa faz vídeos no Youtube. É o primeiro governante a fazê-lo?

António Costa voltou-se para as redes sociais para explicar em vídeos o Orçamento do Estado aos portugueses. A decisão está a gerar vários comentários. Mas é uma ideia original? Conheça o exemplo dos outros países.

15 de Fevereiro de 2016 às 22:00
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São 252 páginas de propostas de lei, a que acrescem as 215 páginas de relatório, que constituem o Orçamento do Estado (OE) de 2016. Parece-lhe muita informação? O primeiro-ministro explica.

Depois dos "conselhos do Costa" que se tornaram virais nas redes sociais quando o líder do PS aconselhou os portugueses a mudar determinados hábitos de vida durante uma sessão de esclarecimento sobre o OE, o primeiro-ministro decidiu apostar em vídeos dirigidos à população para esclarecer as medidas que traçam o Orçamento.




Os vídeos, carregados na página da República Portuguesa no Youtube, foram também partilhados na página oficial do Twitter do Governo, com uma duração mais curta. O primeiro-ministro reclama assim dar uma "a minha explicação pessoal", uma estratégia que acompanha os esclarecimentos sobre o Orçamento que António Costa deu na última semana, em duas conferências, no Porto e em Lisboa.




Nos quatro primeiros vídeos já conhecidos, António Costa garante, por exemplo, ter diminuído o IRS de 99,7% dos portugueses, argumenta que a reposição liquida de rendimentos ultrapassa os 700 milhões de euros e que a dedução fiscal por criança abrange 80% das famílias, sublinhando que se trata de um documento "responsável" e que "cumpre os nossos compromissos".

No entanto, esta é uma comunicação feita numa só direcção. Pelo menos no Youtube onde as funções que permitem comentar e votar o vídeo estão desactivadas, o que, naturalmente, a oposição tem criticado. Ainda assim, conseguimos saber que o primeiro vídeo já foi visto mais de 6 mil vezes, um número largamente superior à média de visualização dos restantes vídeos do mesmo canal.

No Twitter, o cenário é diferente e foram várias as reacções aos vídeos do primeiro-ministro. Enquanto uns acusam o Governo de "propaganda", sem hipótese de contraditório, outros elogiam a "importância da comunicação institucional nas redes sociais". De facto, os vídeos de um primeiro-ministro português, que já durante a campanha para as legislativas tinha utilizado as redes sociais e os vídeos como veículo de comunicação, a explicar as medidas do Orçamento do Estado são uma novidade em Portugal. Mas a ideia não é portuguesa.

O exemplo de Cameron


No Reino Unido, por exemplo, o primeiro-ministro David Cameron utiliza os governantes de cada pasta para analisar as diferentes esferas de actuação do Governo. É o caso de Jeremy Hunt, secretário de Estado da Saúde britânico, que explica num vídeo, datado de 20 de Março de 2015, os objectivos delineados para o sector da Saúde do país. O pretexto? À data, Cameron preparava a sua recandidatura às eleições gerais de 7 de Maio, que venceu com maioria absoluta.

Mas o primeiro-ministro britânico não abandonou os hábitos da campanha e, reeleito, continua a utilizar as redes sociais para falar com os ingleses. Em vídeos mais recentes é possível vê-lo de colector reflector e capacete de segurança enquanto fala do crescimento económico do país.




Seja em cheias, alojamento acessível ou em programas de aprendizagem, o primeiro-ministro britânico é um dos exemplos de políticos europeus mais versáteis em comunicação institucional. E dos oito chefes de governo consultados pelo Negócios, é o único que utiliza o Youtube para se dirigir directamente aos seus co-cidadãos. Era o único. Agora, António Costa faz-lhe companhia. 

Na vizinha Espanha, também Mariano Rajoy, actual primeiro-ministro espanhol, utiliza o Youtube, mas num canal que lhe é exclusivo (António Costa utiliza o canal da República Portuguesa já utilizado pelo anterior governo). No entanto, à excepção de um vídeo de campanha onde responde a perguntas dos cidadãos, os vídeos recorrem a imagens registadas durante conferências de imprensa e debates parlamentares, sem um conteúdo produzido especificamente para uma comunicação nas redes sociais. Em contrapartida, Rajoy permite comentários e votação nos seus vídeos. 

Manuel Valls, primeiro-ministro francês desde Março de 2014, é, entre os citados, o governante com menos vídeos, sendo que a página do seu partido não publica novos vídeos há dois anos, altura em que Valls tomou posse. Já a chanceler alemã Angela Merkel tem no seu partido (CDU) uma comunicação mais activa, mas nem por isso mais dirigida, uma vez que os conteúdos tomam forma de canal televisivo próprio do partido e não se encontram mensagens de Merkel aos cidadãos. 

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