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Ministro da Cultura ameaça dar "bofetadas" a dois colunistas
João Soares, ministro da Cultura, promete no Facebook dar um "par de bofetadas"a Augusto M. Seabra e diz que procurará Vasco Pulido Valente, também colunista do jornal Público, para lhe dar o mesmo tratamento. "Só lhes podem fazer bem. A mim também", argumenta.
O ministro da Cultura, João Soares, promete dar um "par de bofetadas" a Augusto M. Seabra e ameaça procurar Vasco Pulido Valente, também colunista do jornal Público, para lhe dar igual tratamento. Umas "salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também", argumenta o ministro num texto que publica na sua página do Facebook.
"Em 1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia. Ele tinha, então, bolçado sobre mim umas aleivosias e calunias. Agora volta a bolçar, no 'Publico'. É estória de "tempo velho" na cultura. Uma amiga escreveu: "vale o que vale, isto é: nada vale, pois o combustível que o faz escrever é o azedume, o álcool e a consequente degradação cerebral. Eis o verdadeiro vampiro, pois alimenta-se do trabalho (para ele sempre mau) dos outros."
Em 1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cuzei com a...
Publicado por João Soares em Quarta-feira, 6 de Abril de 2016
Em causa estará um artigo de opinião publicado no jornal Público - "Tempo velho" na Cultura – no qual Augusto M. Seabra opina que a nomeação de João Soares para ministro da Cultura foi "uma surpresa que permanece inexplicável já que passados quatro meses não afirmou uma linha de ação política, tão só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria".
"Que um governante se rodeie de pessoas de confiança é óbvio. Mas no caso do gabinete de Soares trata-se de uma confraria de socialistas e maçons", acusa o sociólogo, que conclui que "o tão badalado 'tempo novo' é na cultura apenas o 'tempo velho' dos hábitos socialistas. E muito ainda promete...".
Num recente artigo no Público, Vasco Pulido Valente também não poupa críticas a João Soares a propósito da forma como geriu a demissão do então director do CCB. Em a "Questiúncula", o cronista começa por esclarecer que "como o dr. João Soares muito bem sabe, não tenho por ele qualquer respeito nem como homem, nem como político".
Contactado pelo Público, Augusto M. Seabra diz que a ameaça de João Soares "é inqualificável". "Acho inqualificável que, num governo democrático um membro desse governo faça ameaças de agressão física a alguém que usou do direito da opinião crítica". Sobre as eventuais consequências políticas deste acto do ministro, Pulido Valente diz, por seu turno, não fazer ideia do que possa acontecer porque "não sei o que é permitido e o que não é permitido neste Governo". Quanto às ameaças de João Soares, riposta: "Fico à espera, para me dar as bofetadas".
O ministro João Soares não se mostrou disponível para falar ao jornal, acrescenta o Público.
Segundo o artigo 153º do Código Penal, "quem ameaçar outra pessoa com a prática de crime contra a vida, a integridade física, a liberdade pessoal, a liberdade e autodeterminação sexual ou bens patrimoniais de considerável valor, de forma adequada a provocar-lhe medo ou inquietação ou a prejudicar a sua liberdade de determinação, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias". O procedimento criminal depende de queixa.
(notícia actualizada às 11h30 com reacções dos visados ao jornal Público)