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João Soares: "Sou um homem pacífico, nunca bati em ninguém"

"Peço desculpa se os assustei", diz João Soares ao Expresso sobre a promessa de dar umas" bofetadas" a cronistas do jornal Público.

Correio da Manhã
07 de Abril de 2016 às 16:31
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"Sou um homem pacífico, nunca bati em ninguém. Não reagi a opiniões, reagi a insultos. Peço desculpa se os assustei." Quem o diz é João Soares que, escreve o Expresso, respondeu por SMS ao jornal que lhe terá pedido uma reacção à reacção dos cronistas do jornal Público a quem o ministro da Cultura prometeu, no Facebook, um "par de bofetadas".

Num "post" na sua página do Facebook, João Soares começa por visar Augusto M. Seabra. "Em 1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia", ameaça o ministro que se queixa de ser alvo de "aleivosias e calúnias" que atribui ao "azedume, o álcool e a consequente degradação cerebral" do colunista e fundador do Público.

Em 1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a...

Posted by João Soares on Wednesday, April 6, 2016


Em causa estará um artigo de opinião publicado no jornal Público - "Tempo velho" na Cultura – no qual Augusto M. Seabra opina que a nomeação de João Soares para ministro da Cultura foi "uma surpresa que permanece inexplicável já que passados quatro meses não afirmou uma linha de acção política, tão só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria".

"Que um governante se rodeie de pessoas de confiança é óbvio. Mas no caso do gabinete de Soares trata-se de uma confraria de socialistas e maçons", acusa sociólogo de formação, que exerce a actividade de crítico desde 1977, que conclui que "o tão badalado 'tempo novo' é na cultura apenas o 'tempo velho' dos hábitos socialistas. E muito ainda promete...".

No mesmo "post" João Soares acaba também por visar Vasco Pulido Valente. "Estou a ver que tenho de o procurar [a Augusto M. Seabra], a ele e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também".

A promessa de umas "salutares bofetadas" parece ser a resposta a um recente artigo de opinião no Público, no qual Vasco Pulido Valente também não poupa críticas a João Soares a propósito da forma como geriu a demissão do então director do CCB. Em a "Questiúncula", o cronista começa por esclarecer que "como o dr. João Soares muito bem sabe, não tenho por ele qualquer respeito nem como homem, nem como político". 

"Houve pessoas – Teresa Gouveia e José Manuel Fernandes – que, a propósito do "caso Lamas", descobriram agora a insignificância e a grosseria dessa lamentável personagem. Chegam tarde. Claro que o ministro podia ter chamado discretamente o director do CCB para o demitir, alegando, como está no seu direito, falta de confiança política ou pessoal. Mas João Soares preferiu fazer do incidente um espectáculo público. Ameaçou o dr. Lamas, exibiu os seus poderes (que lhe vêm exclusivamente do cargo) e no fim ainda se foi gabar para a televisão. Não se percebe o motivo de toda esta palhaçada, excepto se pensarmos que ele é no Governo um verbo-de-encher e que o PS o atura por simples caridade", escreveu.

Contactado pelo Público, Augusto M. Seabra diz que a ameaça de João Soares "é inqualificável". "Acho inqualificável que, num governo democrático, um membro desse Governo faça ameaças de agressão física a alguém que usou do direito da opinião crítica". Sobre as eventuais consequências políticas deste acto do ministro, Pulido Valente diz, por seu turno, não fazer ideia do que possa acontecer porque "não sei o que é permitido e o que não é permitido neste Governo". Quanto às ameaças de João Soares, riposta: "Fico à espera, para me dar as bofetadas".

O ministro João Soares não se mostrou disponível para falar ao jornal, acrescenta o Público.


Segundo o artigo 153º do Código Penal, "quem ameaçar outra pessoa com a prática de crime contra a vida, a integridade física, a liberdade pessoal, a liberdade e autodeterminação sexual ou bens patrimoniais de considerável valor, de forma adequada a provocar-lhe medo ou inquietação ou a prejudicar a sua liberdade de determinação, é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias". O procedimento criminal depende de queixa.

O PSD e o CDS criticam as declarações do ministro, mas não ao ponto de pedir a sua demissão. O PS e os partidos que têm apoiado o governo de António Costa no Parlamento - BE, PCP, Verdes e PAN - ainda não reagiram.

"Não são declarações aceitáveis. O PS não reage à crítica de forma salutar. Não podemos por um lado afirmar a ética republicana e na prática ter atitudes como aquelas que são conhecidas", disse o deputado social-democrata Hugo Soares no Parlamento.

"O CDS considera lamentável o comportamento do senhor ministro da Cultura, doutor João Soares. Em democracia o confronto de ideias e a crítica são sempre legítimos, o que não é legítimo é um ministro da República reagir às críticas com ameaças de confronto físico", disse, por seu turno, o centrista António Carlos Monteiro. "O mínimo que se pode exigir é um pedido de desculpas", frisou também em declarações aos jornalistas no Parlamento.

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