Notícia
Manuel Alegre: “Sou adversário da proposta do Presidente da República”
Histórico socialista está contra o repto lançado pelo Presidente da República aos três partidos que assinaram o Memorando de Entendimento, e que visa um “compromisso de salvação nacional”, porque, diz, Cavaco Silva “não assumiu as responsabilidades que eram suas”.
- 21
- ...
“Sou adversário da proposta do Presidente da República porque ele não assumiu as responsabilidades que eram suas, que era convocar eleições antecipadas, exercendo os seus poderes constitucionais”, afirmou Manuel Alegre à rádio TSF.
O histórico socialista, e ex-candidato à presidência da República, considera assim que Cavaco Silva acabou por transferir “essa responsabilidade para esta solução”, que “não se sabe bem o que é”, e deixou os partidos políticos a braços com uma “balburdia institucional”.
“O senhor Presidente da República manifestou-se muito preocupado com a confiança dos mercados, mas a verdade é que o prolongamento da crise, o arrastamento da situação, tem agravado essa situação”, defendeu à TSF.
Manuel Alegre conclui dizendo que “a responsabilidade não é do Partido Socialista nem daqueles que o Presidente da República chama de adversários da sua solução”.
Entretanto, as negociações com vista a este “compromisso de salvação nacional” prosseguem pelo sexto dia. Ontem, dia 19 de Julho, o Conselho Nacional do PSD reuniu-se e, ao contrário do habitual, o discurso do presidente do Partido e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho pode ser acompanhado pelos órgãos de comunicação social. Nesse discurso o chefe de Governo afirmou que “não queremos um compromisso a fazer de conta”. “Queremos um compromisso que tenha conteúdo para o futuro”.
O líder socialista, António José Seguro, optou, esta manhã, pelo “silêncio" em relação "às declarações do presidente do PSD e primeiro-ministro, porque é em silêncio que tenho estado durante todo este processo de diálogo interpartidário”.
Mário Soares, outro histórico socialista, alertou ontem para a possibilidade de cisão dentro do Partido Socialista (PS) caso o partido assine um “compromisso de salvação nacional”. "Tenho a certeza que não vai haver acordo entre o PS e a direita do Governo, porque isso ia criar uma cisão no PS e só iria beneficiar o PCP", afirmou Mário Soares, ontem, ao jornal “Público”.