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Machete admite que tentou “de uma maneira clara melhorar as relações” com Angola

Ministro reconhece que a entrevista à Rádio Nacional de Angola teve como objectivo melhorar as relações com o país africano. E diz que não ligou à procuradora-geral da República.

Portugal perdeu uma 'figura notável', disse o antigo vice-primeiro-ministro Rui Machete, lembrando o papel relevante de Mário Soares na assinatura, em 1985, do Tratado de adesão de Portugal à CEE. Rui Machete, que integrou o governo do Bloco Central então chefiado por Mário Soares, lembrou o antigo líder do PS como um homem corajoso, convicto e determinado que, no período político conturbado a seguir ao 25 de Abril, interveio de forma central para evitar que o país mergulhasse numa guerra civil.
Falando à SIC à entrada do Mosteiro dos Jerónimos, Machete recordou ainda Soares como uma 'pessoa bem-disposta e optimista', sublinhando que muito se deve à 'acção' do antigo líder do PS a entrada do país na CEE.
Machete lembrou as dificuldades que o governo do Bloco Central enfrentou devido à austeridade económica da altura e sublinhou que, apesar da derrota do PS nas eleições legislativas de 1985, Soares disse logo que não ia desistir, tendo, pouco tempo depois, vencido as eleições presidenciais, com 51 por cento dos votos, frente ao candidato Freitas do Amaral.
'É uma figura notável, a quem o país muito deve, que cometeu erros, mas que, pela sua coragem e grande convicção, devemos prestar homenagem', concluiu Rui Machete.
Paulo Duarte/Negócios
08 de Outubro de 2013 às 17:44
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O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou o que o levou a fazer as afirmações que fez à Rádio Nacional de Angola. “O que aconteceu foi que no âmbito de uma entrevista onde se procurava, de uma maneira clara, melhorar as relações, se procurou explicar que este problema [investigações judiciais], tanto quanto eu sabia – ‘penso’, disse eu – não se revestia da gravidade que lhe tinha emprestado as autoridades angolanas”, justificou.

 

Em resposta às questões de Pedro Silva Pereira, o ministro garantiu que falou “com tranquilidade” e “sem ter nenhuma consulta a nenhum processo”. “Parece um pouco caricato estar a imaginar-me a telefonar à senhora procuradora a perguntar como vai esse processo. Isso é algo q está completamente fora de causa”, assegurou Rui Machete.

 

“Não vejo nenhuma gravidade em termos do que disse, na minha intenção. Logo no início disse que o Ministério Público não está subordinado ao ministro da Justiça, não podemos intervir hierarquicamente”, lembrou.

 

Machete mostrou-se ainda surpreendido com o tom do PS. “Não entendo, não aceito essa condenação, que parece que estou um réu a defender-me perante um tribunal”, porque esse posicionamento “não dá a devida substância a tudo o que foi referido nessa entrevista”.

 

Nas declarações à RNA, no início de Setembro, Machete afirmou, a propósito das investigações a altas figuras do regime angolano: “Tanto quanto sei, não há nada substancialmente digno de relevo, e que permita entender que alguma coisa estaria mal, para além do preenchimento dos formulários e de coisas burocráticas e, naturalmente, informar às autoridades de Angola pedindo, diplomaticamente, desculpa, por uma coisa que, realmente, não está na nossa mão evitar”.

 

Hoje, Machete disse que o que fez não foi “um pedido de desculpas diplomático, esses são feitos por via dos embaixadores, nada disso aconteceu”.

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