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Governo populista italiano entra oficialmente em funções

O novo Governo populista italiano, chefiado por Giuseppe Conte, entrou hoje oficialmente em funções após a aprovação da última moção de confiança no parlamento, com um programa que vira costas à austeridade mas não à Europa.

Cofina Media
06 de Junho de 2018 às 21:19
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Depois de ter obtido na terça-feira a confiança do Senado, Conte recebeu hoje a da Câmara dos Deputados, onde as formações que compõem a coligação governamental - Movimento 5 Estrelas (M5S, anti-sistema) e Liga (extrema-direita) - dispõem de uma maioria mais confortável, com 350 votos a favor, 236 contra e 35 abstenções.

 

O novo primeiro-ministro, um professor universitário que há menos de uma semana estava ainda a dar as suas aulas de Direito, deve agora partir para o seu primeiro compromisso internacional: a cimeira do G7, na sexta-feira e no sábado, no Canadá. "A primeira coisa, para a Itália, será dar-se a conhecer, a segunda, fazer-se respeitar", declarou Conte à imprensa.

 

Desconhecido dos italianos antes de ter sido escolhido pelo M5S e pela Liga, Giuseppe Conte, de 53 anos, proferiu na terça-feira, no Senado, o seu primeiro discurso político, defendendo o programa deste primeiro Governo populista de um país fundador da União Europeia.

 

E, embora pretenda reduzir a enorme dívida pública da Itália - a maior em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro, a seguir à da Grécia - frisou que tal não acontecerá pela adopção de medidas de austeridade.

 

O professor de Direito Privado condenou a política migratória "falhada" da Europa e avisou que a Itália pretende renegociar as suas obrigações fiscais com a União Europeia, mas sublinhou que o país não tem planos para sair do euro, unidade monetária partilhada por 19 dos Estados membros.

 

"Abandonar a moeda europeia comum não está em discussão e nunca esteve", declarou Conte, procurando tranquilizar os parceiros europeus quanto ao seu executivo populista de coligação com o Movimento 5 Estrelas.

 

Mas no que diz respeito às missões da NATO, introduziu hoje a ideia de que elas serão "analisadas com serenidade e prudência, caso a caso", segundo a imprensa, sobretudo por razões orçamentais.

 

Na terça-feira, tinha reiterado a intenção de pôr em prática uma política de "abertura" à Rússia, um importante parceiro económico das empresas italianas, em conformidade com as promessas de campanha tanto da Liga como do M5S, os dois "accionistas maioritários" da coligação.

 

A referência à ligação à Europa não é, todavia, suficiente para afastar todas as ambiguidades, salientou hoje o diário italiano Corriere della Sera.

 

De que Europa fala realmente Conte, quando o seu vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, o líder da Liga, fez saber que tinha falado com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e que ambos se tinham comprometido a trabalhar em conjunto para "mudar as regras" da UE, insiste o jornal.

 

Alguns responsáveis europeus continuam, assim, com dúvidas quanto ao custo das medidas fiscais, económicas e sociais previstas no "contrato de Governo" assinado pela Liga e pelo M5S, de que Conte se declarou "o garante".

 

"Vamos atravessar bem o verão, mas haverá problemas no outono mesmo que o novo Governo só ponha em prática 50% do que previu", antecipou desde já Klaus Regling, o director do Mecanismo Europeu de Estabilidade, fundo criado pela UE para ajudar os Estados membros em dificuldades, citado pelo diário alemão Handelsblatt.

 

Conte confirmou os objectivos contidos no "contrato" do seu Governo: redução de impostos, combate à imigração ilegal, "rendimento de cidadania" para os mais pobres, mas não forneceu pormenores sobre o financiamento destas medidas que poderão representar várias dezenas de milhares de milhões de euros.

 

E apesar de ter reiterado a intenção do seu executivo de instaurar um 'flat tax', um imposto sobre o rendimento entre 15% e 20%, não avançou qualquer data, o mesmo se passando em relação ao rendimento de cidadania, o que não é suficiente para tranquilizar os mercados financeiros ou alguns países europeus.

 

Hoje, perante os deputados, Conte abordou novamente diversas questões sem afastar estas dúvidas, referindo o facto de o seu Governo não estar ainda totalmente constituído - faltam-lhe os vice-ministros e os secretários de Estado - para justificar a ausência do anúncio de medidas concretas.

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