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Juros de Itália voltam a disparar com discurso populista de Conte

Depois de quatro sessões de forte alívio, os juros da dívida italiana estão a disparar quase 20 pontos no prazo a dez anos, depois de Conte ter mantido a garantia de medidas populistas que deverão aumentar a despesa pública em Itália.

Reuters
05 de Junho de 2018 às 15:14
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Os juros das obrigações soberanas de Itália voltaram a disparar no mercado secundário, depois de o primeiro-ministro Giuseppe Conte ter reiterado no seu discurso no Senado que o novo governo vai seguir um programa de políticas populistas, que os mercados vêem como potencialmente perigosas para as finanças públicas.

 

Depois de quatro sessões consecutivas de alívio, a yield associada às obrigações a dez anos está a subir 19,7 pontos base para 2,735%, enquanto os juros associados à dívida a dois anos avançam 21,2 pontos para 0,967%.

 

Também o euro, que chegou a subir 0,15% face à divisa norte-americana, está a desvalorizar 0,24% para 1,1671 dólares.

 

Falando no Senado, antes do voto de confiança, Conte prometeu "novos ventos de mudança" e a aprovação de medidas que vão desde um "rendimento de cidadania" aos mais pobres até cortes de impostos (com a chamada "flat tax") e restrições à imigração, ao mesmo tempo que defendeu uma Europa "mais forte e mais justa" para evitar o seu declínio.

 

"A verdade é que criámos uma mudança radical e estamos orgulhosos disso", afirmou Conte. "As forças políticas que compõem este governo têm sido acusadas de ser populistas e anti-sistema. Se populismo significa que a classe dominante ouve as necessidades do povo, e se anti-sistema significa pretender introduzir um novo sistema, que remova antigos privilégios e o poder incrustado, então essas forças políticas merecem ambos os epítetos".

 

O líder do novo governo, escolhido pelo 5 Estrelas e a Liga, rejeitou ainda a austeridade imposta nos últimos anos que, a seu ver, apenas contribuiu para aumentar a dívida pública.

 

"Nós queremos reduzir a dívida pública, mas queremos fazê-lo aumentando a nossa riqueza, não através da austeridade que, nos últimos anos, ajudou precisamente a aumentar a dívida", acrescentou.

 

Apesar de o discurso do primeiro-ministro não ter trazido qualquer surpresa face às ambições e políticas defendidas pelas duas forças políticas que dão forma ao novo Executivo, analistas consultados pela Bloomberg explicam que o mercado esperava que Conte pudesse ter um discurso mais moderado, e que eventualmente recuasse em algumas das medidas, o que acabou por não acontecer.

 

"Alguns ‘players’ esperavam por um discurso mais equilibrado, mas como ele disse que o programa do governo será baseado no acordo de coligação, muitos vêem isso como mais despesa ao virar da esquina", afirma Christoph Kutt, responsável do DZ Bank, citado pela Bloomberg.  

 

"Alguns podem ter esperado uma posição mais branda depois das reacções do mercado na semana passada, mas Conte fala sobre medidas revolucionárias", refere igualmente Jan von Gerich, estrategista-chefe do Nordea Bank AB, citado pela agência noticiosa.

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