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Durão Barroso diz que Jorge Sampaio concordou com a realização da Cimeira das Lajes

O antigo primeiro-ministro Durão Barroso disse, em entrevista à SIC e ao Expresso, que consultou Jorge Sampaio, então Presidente da República, tendo este concordado com a realização da Cimeira das Lajes, que esteve na origem da invasão do Iraque.

Miguel Baltazar/Negócios
07 de Maio de 2016 às 10:31
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"Sim. Foi a única pessoa que eu consultei antes de tomar a decisão final. Depois de me ter sido proposto isso pelos outros países", disse o ex-presidente da Comissão Europeia.

"Aliás, na altura, com o apoio do parlamento português e com o apoio do Presidente da República de Portugal, o dr. Jorge Sampaio, que expressamente disse que sim, que concordava. Foi a única pessoa que eu ouvi antes", acrescentou José Manuel Durão Barroso numa entrevista que foi publicada este sábado no jornal Expresso e também divulgada pela SIC.

A 16 de Março de 2003, reuniram-se na ilha Terceira, na base das Lajes, nos Açores, o Presidente norte-americano, George W. Bush, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, tendo sido recebidos pelo então primeiro-ministro português, Durão Barroso.

A reunião, conhecida como Cimeira das Lajes, levou, quatro dias depois, na madrugada de 20 de Março, ao início da intervenção militar no Iraque.

Sobre as críticas que lhe foram feitas sobre o seu papel na Cimeira das Lajes, Durão Barroso disse que, na altura, teve "a posição adequada", de acordo com a informação disponível que possuía sobre o assunto.

"Tivemos países nossos aliados e amigos, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Espanha, que propuseram que nós organizássemos a cimeira", referiu.

O ex-presidente da Comissão Europeia disse que, depois, foram verificadas "coisas que não correram bem".

"Foram-me apresentados documentos dizendo que havia armas de destruição maciça no Iraque. Eu, aliás, ainda conservo alguns desses documentos. E, afinal, não havia", sublinhou.

"Foi-me dito também que estava tudo preparado para uma transição a seguir. Eu nunca tive dúvidas de que seria relativamente fácil deitar abaixo [o ex-Presidente do Iraque] Saddam Hussein. A dificuldade era o dia seguinte. Bom, isso também não se veio a verificar", acrescentou.

Durão Barroso disse que, se fosse hoje, "não teria tomado a mesma decisão".

"Essa é uma das decisões que teria modificado. Hoje. Mas na altura não tinha essa informação. E entre os nossos aliados, a grande democracia norte-americana e o regime despótico de Saddam Hussein nós não podíamos ser completamente neutrais, devíamos apoiar os Estados Unidos", declarou.

Na entrevista, o antigo primeiro-ministro português abordou vários assuntos, como a ajuda financeira internacional a Portugal, a ‘espanholização’ da banca portuguesa, a actual situação dos refugiados, a sua actuação na Comissão Europeia e a situação económica da Europa, entre outros.

O ex-presidente da Comissão Europeia referiu ainda que não volta para a política em Portugal, dedicando-se ao ensino universitário e também ao trabalho no sector privado.

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