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Costa acusa jornalistas: “Vocês perdem tanto tempo com questiúnculas e coisas que não interessam nada a ninguém"

Resposta do secretário-geral do PS quando questionado sobre a ausência àquela hora de Pedro Nuno Santos - apontado como um dos potenciais sucessores de Costa -, que só chegou ao congresso do partido já depois do início dos trabalhos.

Hugo Delgado/Lusa
28 de Agosto de 2021 às 12:17
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O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou este sábado, 28 de agosto, confrontado com perguntas dos jornalistas sobre a sua sucessão, que se orgulha de "ter assegurado a unidade" dos socialistas e defendeu que o partido "tem sabido renovar-se".

 

"Se há coisa de que eu me orgulho no PS é de quando fui eleito em 2014 numas eleições primárias muito disputadas ter assegurado a unidade do PS a partir daí. O José Luís Carneiro, por exemplo, na altura não me apoiou, é agora secretário-geral adjunto", declarou António Costa.

 

À chegada à Arena de Portimão, no distrito de Faro, para o 23.º Congresso Nacional do PS, com José Luís Carneiro e Carlos César ao seu lado, António Costa rejeitou que tenha lançado um tabu ao remeter para 2023 uma decisão sobre a sua recandidatura ao cargo de secretário-geral.

 

"Eu não lancei nenhuma questão", afirmou. "Acabo de ser eleito para um mandato que vai de 2021 a 2023. Cá estou agora, e em 2023 cá estarei também", acrescentou o secretário-geral do PS e primeiro-ministro.

 

Interrogado se gostaria de ouvir o dirigente nacional do PS e ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, neste congresso, António Costa respondeu: "É sempre um gosto".

 

Confrontado com o facto de o ministro das Infraestruturas ainda não ter chegado à Arena de Portimão naquela altura, o secretário-geral do PS retorquiu: "Vocês perdem tanto tempo com questiúnculas e coisas que não interessam nada a ninguém".

 

António Costa descreveu o PS como um partido "muito plural", em que os debates se fazem "com toda a frontalidade, com toda a combatividade, com todo o espírito democrático", mas que depois sabe unir-se a seguir "em torno daquilo que é a linha comum do partido".

 

"O partido não tem a linha do António Costa, não tem a linha do Carlos César, do José Luís Carneiro. Tem a linha programática aprovada pelo partido, e depois todos seguimos, naturalmente, de uma forma articulada. E temos trabalhado todos com unidade", defendeu.

 

Questionado sobre a presença na Mesa do Congresso de dirigentes considerados seus possíveis sucessores, Costa considerou "natural que aquilo que têm sido os rostos do PS nestes último anos em vários combates decisivos que estamos a travar estejam presentes na Mesa do Congresso", que qualificou de "bastante ampla".

 

No seu entender, "felizmente, o PS é um partido que tem sabido integrar múltiplas gerações, tem sabido renovar-se, o que é muito importante".

 

"Muitas vezes as pessoas dizem: ah, são sempre as mesmas caras. Não são, as caras vão mudando, faz parte, é o ciclo da vida. Portanto, isso é uma coisa totalmente normal", reforçou.

 

Relativamente às relações com os partidos à esquerda do PS, com os quais está a haver negociações sobre o Orçamento do Estado para 2022, António Costa sustentou que não é necessário dar-lhes neste congresso qualquer sinal.

 

"O PS fez em 2014 uma opção estratégica que nunca mais pôs em causa", assumindo-se como "o partido que procura unir a esquerda como uma alternativa àquilo que foi a política de austeridade da direita", declarou.

 

Segundo António Costa, neste momento o PS está focado em "enfrentar a pandemia" de covid-19, em "relançar a economia" e em "voltar a competir com a União Europeia".

 

"E, sobretudo, em aproveitar esta oportunidade extraordinária de transformação da nossa sociedade, do nosso país que os novos recursos proporcionam. É nisso que estamos focados e, portanto, é natural que o PS esteja unido, mobilizado e cheio de energia para este combate", completou.

 

Por outro lado, apontou este congresso como um momento de "grande arranque" para as eleições autárquicas de 26 de setembro, em que o PS ambiciona manter-se como "o maior partido autárquico".

Pedro Nuno Santos chega em silêncio e depois do arranque dos trabalhos

O dirigente socialista Pedro Nuno Santos foi um dos últimos elementos da mesa do 23.º Congresso do PS a chegar, já depois do discurso de abertura do presidente do partido e recusou prestar declarações à chegada.

Pedro Nuno Santos chegou ao Portimão Arena já depois do início dos trabalhos, que arrancaram às 11:32, e poucos minutos depois do final da intervenção de abertura do presidente do partido, Carlos César.

 

À chegada, o também ministro das Infraestruturas e da Habitação recusou responder às questões colocadas pelos jornalistas.

 

"Falo muitas vezes. Há quem diga que eu até falo demais", comentou, quando questionado sobre a razão pela qual não vai intervir.

 

Na sexta-feira, fonte do partido tinha afirmado à Lusa que o dirigente socialista Pedro Nuno Santos matinha a intenção de não discursar no 23.º Congresso Nacional do PS, que decorre entre hoje  e domingo.

 

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, conotado com a ala esquerda do PS, é apontado como um dos potenciais candidatos à sucessão de António Costa na liderança dos socialistas, juntamente com Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e Ana Catarina Mendes.

 

Logo em maio, quando a perspetiva era a de se realizar um Congresso do PS em 10 e 11 de julho, em 14 locais distintos do país e em modelo misto - presidencial e por videoconferência -, Pedro Nuno Santos referiu ao jornal "Público" que não tencionava falar no congresso.

 

De acordo com dirigentes socialistas próximos do atual ministro das Infraestruturas, ao contrário do que se passa agora, em que a linha política do PS parece estar "bem definida", no Congresso Nacional de 2018, em Fátima, "havia uma posição política a marcar".

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