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Centeno oferece ajuda técnica à Grécia para o pós-programa

O presidente do Eurogrupo sugeriu ao ministro das Finanças da Grécia a vinda de uma equipa técnica a Lisboa. A ideia é partilhar a experiência portuguesa na fase do pós-troika. Gregos ainda não responderam ao convite.

"O objectivo é que a Grécia tenha uma estratégia de saída credível, sustentável e bem sucedida", defendeu Mário Centeno. Reuters
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 13 de Maio de 2018 às 14:50

Mário Centeno ofereceu ajuda ao ministro das Finanças grego para a fase pós-programa de ajustamento, apurou o Negócios.

Foi na última reunião do Eurogrupo, a 27 de Abril, que Centeno fez a proposta a Euclides Tsakalotos para que os técnicos gregos venham a Portugal. A ideia é partilhar a experiência portuguesa numa altura em que a Grécia se prepara para sair do seu terceiro programa.

O convite formal já seguiu, mas a Grécia ainda não respondeu. O Negócios contactou a assessoria de imprensa do ministro das Finanças grego, mas até ao momento não recebeu resposta.

Mário Centeno está convencido da utilidade da recente experiência portuguesa para o futuro da Grécia.

Há uma semana, em entrevista ao jornal grego Kathimerini, Centeno disse que, após a saída do programa, a implementação dos compromissos irá "recair apenas" nas autoridades gregas, o que é "uma grande diferença" face aos últimos oito anos em que a Grécia contou com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia.

Em causa está a monitorização que será feita na Grécia pelos credores na fase pós-programa, tal como acontece em Portugal desde a "saída limpa" de Maio de 2014, o que envolve o reporte estatístico, a resposta a várias questões técnicas e um volume de trabalho elevado. No caso da Grécia esse acompanhamento deverá ser ainda mais intenso.

Grécia terá monitorização mais apertada

A Grécia deverá fechar o seu terceiro programa de ajustamento a 20 de Agosto. As autoridades gregas acreditam que será uma "saída limpa", sem medidas cautelares, mas ainda faltam três meses de trabalho técnico até que isso se concretize. Para já, os sinais vindos do Eurogrupo são positivos.

"O objectivo é que a Grécia tenha uma estratégia de saída credível, sustentável e bem sucedida", afirmou o presidente do Eurogrupo em entrevista ao jornal grego Kathimerini. Centeno tem defendido que deve ser dado espaço aos gregos para que tenham a posse total da condução da política orçamental e económica.

Contudo, na Grécia, a monitorização vai ser mais apertada do que em Portugal. Isto porque a Comissão Europeia já demonstrou vontade em accionar um instrumento de monitorização reforçada prevista no quadro europeu do 2-pack (pacote duplo) implementado em 2013.  

É a primeira vez que este mecanismo será activado e vai manter-se até a Grécia pagar, no mínimo, 75% da ajuda recebida, segundo as regras europeias. Em Portugal, a monitorização é semestral, mas a Grécia poderá ser alvo de avaliações trimestrais.

Sob avaliação atenta estará a estratégia de crescimento que o Governo grego apresentou em Bruxelas no mês passado. Além disso, as medidas de alívio da dívida pública deverão ficar indexadas ao sucesso da evolução da economia, o que requererá um acompanhamento apertado. Este será um dos temas que passará pelo próximo Eurogrupo a 24 de Maio.

O convite de Mário Centeno, surge, curiosamente, uns dias depois de ter recebido uma provocação do ex-ministro das Finanças grego. Yanis Varoufakis, que veio a Portugal para participar nas comemorações do 25 de Abril, disse, em entrevista ao Público, que o Governo português tem uma "dívida de gratidão" para com os gregos, acrescentando que Centeno "nunca seria" ministro das Finanças em Portugal "se o povo da Grécia não tivesse lutado".

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