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Centeno certo na lista do PS por Lisboa, mas a pensar no FMI
O Negócios sabe que Mário Centeno vai mesmo integrar a lista no círculo eleitoral de Lisboa, possibilidade que pode ser posta em causa se o atual ministro das Finanças for escolhido para suceder a Lagarde à frente do FMI.
Só na noite desta terça-feira o PS aprova a lista de candidatos a deputados nas próximas legislativas, mas Mário Centeno será candidato por Lisboa, faltando porém definir a posição, apurou o Negócios junto de fonte oficial socialista.
Numa altura em que o ministro das Finanças é apontado como um dos favoritos à sucessão de Christine Lagarde na liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI), a estratégia de integrar Centeno nas listas manteve-se inalterada, até por se tratar de um dos principais argumentos eleitorais do primeiro-ministro e líder do PS, António Costa.
Depois de, em 2015, ter coordenado o desenho do cenário macroeconómico que serviu de base ao programa eleitoral socialista, Mário Centeno estreou-se como candidato a deputado nas listas do PS, pelo que esta será a segunda candidatura à Assembleia da República. Em entrevista concedida no início deste mês ao Público, Centeno não disse se iria integrar as listas - "não é a mim que me cabe anunciar o que quer que seja".
Além de António Costa, que deve encabeçar a lista pela capital, e de Centeno, o Público avançou no fim de semana que também Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, e as ministras Mariana Vieira da Silva (Presidência e Modernização Administrativa) e Graça Fonseca (Cultura), devem integrar os primeiros lugares pelo círculo lisboeta.
Nos últimos dias, foram sendo anunciados os cabeças de lista do PS nos diversos distritos. A secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, encabeça a lista por Setúbal, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação, volta a liderar em Aveiro, Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, lidera na Guarda, Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, repete por Viana do Castelo, e no Porto o deputado Alexandre Quintanilha volta a ser primeira aposta.
O Negócios sabe que a distribuição final dos lugares nas listas não está ainda fechada, devendo ser ultimado nas horas que antecedem a reunião da Comissão Política Nacional marcada para as 21:00 desta terça-feira, no Rato.
No entanto, até ao final deste mês Costa poderá ainda perder o trunfo eleitoral no qual assenta a narrativa de afirmação do PS como o partido das "contas certas".
Isto porque nos próximos dias deverá ficar fechada a escolha do próximo diretor do FMI, uma necessidade dado que Lagarde está de saída (sai oficialmente a 12 de setembro do Fundo) para assumir a presidência do Banco Central Europeu a partir de 1 de novembro. E nesta fase ganha força Centeno para a sucessão.
Centeno é escolha mais provável
Esta evolução decorre da conjuntura favorável ao nome do ministro português. Com o português, a espanhola Nadia Calviño (ministra das Finanças) e Olli Rehn (governador do Banco da Finlândia) nas bolsas de apostas, o finlandês poderá ter perdido terreno depois de o influente colunista Wolfgang Münchau ter defendido, na habitual coluna no Financial Times, que nomes que estavam em funções durante a crise como é o caso de Rehn (ou do ex-líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que foi cogitado mas entretanto afastado devido aos anticorpos no sul europeu), comissário dos Assuntos Económicos até 2014, devem ficar de fora da corrida.
Isto significa que Centeno e a atual ministra espanhola das Finanças em funções são os favoritos. Pese embora o português possa beneficiar do facto de contra Nadia Calviño jogar a recente escolha de um espanhol para um alto cargo nas instituições europeus: Josep Borrel foi escolhido para Alto Representante da União Europeia para a Política Externa no âmbito da distribuição dos lugares de topo nas instâncias comunitárias.
Historicamente a liderança do FMI é entregue a um europeu, saindo o nome de uma negociação em que se tentam conciliar os diversos interesses dos principais Estados-membros da UE. Surgiu entretanto a búlgara Kristalina Georgieva, candidata derrotada por António Guterres na corrida à liderança das Nações Unidas, nome apontado como possibilidade pela França, contudo esta possibilidade exigiria uma mudança das regras devido ao limite de idade fixado nos 70 anos.
(Notícia atualizada às 17:15)