Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Centeno está fora da corrida ao FMI

O ministro português das Finanças estará fora da corrida à liderança do FMI, avança a agência Bloomberg. O processo de escolha do sucessor de Christine Lagarde está a ser liderado pela França e Paris parece ter posto de parte o nome do português.

Reuters
29 de Julho de 2019 às 13:50
  • ...

António Costa já não escondia ver com bons olhos a ida de Mário Centeno para o Fundo Monetário Internacional, contudo o ministro português das Finanças terá sido preterido pelo governo francês, avança a Bloomberg. Centeno, que é o quinto elemento da lista de candidatos a deputados do PS pelo círculo de Lisboa, poderá assim continuar a tutelar as Finanças nacionais caso o PS venha a liderar o próximo Governo, bem como continuar à frente do Eurogrupo. 


De acordo com aquela agência noticiosa, Centeno e a ministra espanhola das Finanças, Nadia Calviño, já estão fora de uma corrida que agora contará apenas com três candidatos: Jeron Dijsselbloem, ex-ministro das Finanças da Holanda e antecessor de Centeno na liderança do Eurogrupo; o atual governador do banco central da Finlândia, o ex-comissário europeu Olli Rehn; e a favorita de Paris ao lugar, Kristalina Georgieva, diretora-executiva do Banco Mundial. 

Também o Financial Times avançou a notícia de que o número de candidatos foi reduzido para três, tendo Centeno sido excluído.

No entanto, fontes europeias também envolvidas no processo garantiram ao Negócios que, já esta segunda-feira, receberam "informações diferentes" que vão no sentido oposto. De acordo com estas fontes, o feedback recebido esta manhã é de que existem nesta altura três candidatos com mais possibilidades de vir a liderar o FMI, estando Centeno entre elas e Rehn de fora. 


A Bloomberg cita duas fontes conhecedoras do processo que afiançam que, nesta fase, estão reduzidos a três os candidatos possíveis a liderar o FMI. Entre esta segunda-feira, 29 de julho, e o próximo dia 6 de setembro decorre um período em que as candidaturas podem ser formalmente apresentadas, sendo que a estrutura do Fundo pretende ter o processo de sucessão de Lagarde concluído até 4 de outubro. 

Macron lidera processo e prefere Georgieva

O Negócios confirmou junto de fontes oficiais que é o governo francês que está a liderar o processo de escolha do próximo líder do Fundo e Paris já tem inclusivamente uma candidata favorita. Trata-se da búlgara Georgieva, que em 2016 perdeu para o português António Guterres a corrida à liderança das Nações Unidas. 

Ora e de acordo com as informações recolhidas pelo Negócios, o facto de Guterres liderar a ONU é um fator que está a jogar contra Mário Centeno. Se é certo que na sequência dos acordos de Bretton Woods que enquadraram a ordem multilateral do pós-guerra ficou definido um acordo tácito segundo o qual a liderança do Banco Mundial ficaria a cargo de um norte-americano e a chefia do FMI para um europeu, a verdade é que também a ONU foi criada depois da Segunda Guerra enquanto aposta no multilateralismo.

O Banco Mundial e o FMI estão sediados em Washington, enquanto a ONU tem sede em Nova Iorque, e ter dois portugueses a liderar duas destas três instituições é uma possibilidade vista com desconforto em várias capitais.

Tendo em conta que Kristalina Georgieva beneficia do apoio francês e que França lidera o processo de consensualização de um nome a apontar como candidato europeu ao Fundo, a búlgara pode ser vista como favorita ao cargo. Todavia, a atual líder do Banco Mundial tem a jogar contra a sua candidatura um enorme senão, o facto de ter 65 anos de idade (a 13 de agosto completa 66), sendo que o diretor-geral do FMI não pode exercer funções depois dos 70 anos. Como o mandato é de 5 anos, Georgieva completaria o mandato com 71 anos. Perante este cenário, o presidente francês Emmanuel Macron encetou esforços para tentar mudar as regras. 

O Negócios apurou ainda junto de uma fonte comunitária que para já os únicos apoios formais ao nome da búlgara dizem respeito às autoridades da Bulgária e à França. Já Dijssembloem dispõe do apoio de países do centro e norte europeus, entre os quais o da Alemanha, Olli Rehn é suportado pelos países escandinavos. Centeno e Calviño disputam o apoio dos Estados do sul da Europa. 

Costa mantém trunfo eleitoral

O PS e o primeiro-ministro António Costa vão disputar as eleições legislativas de 6 de outubro com base na narrativa das "contas certas" e Mário Centeno é a peça principal dessa engrenagem. Centeno está nas listas de candidatos socialistas que tem de ser entregue no Tribunal Constitucional em meados de agosto, mas como é possível que o ou os candidatos finais estejam fechados apenas a 6 de setembro, a possibilidade de o ministro concorrer a deputado e vir a integrar um eventual novo Executivo socialista poderia ficar em suspenso até essa altura.


Quando foi noticiada pela primeira vez a hipótese de Centeno suceder a Lagarde, António Costa afirmou, na Rádio Observador, que essa era "uma hipótese que não se pode deixar de considerar". Pouco depois evoluiu para: "Quem sabe se não exercerá mesmo outras funções de grande dimensão". Nos últimos dias, revelou o Expresso este sábado, Costa tem feito uma bateria de contactos junto de outros líderes europeus para tentar recolher apoios ao nome do português, um apoio a que se juntou também o corpo diplomático luso.

A confirmar-se a não ida de Centeno para o FMI, Portugal perde a possibilidade de ter outro português a liderar uma instituição internacional de topo, mas António Costa ganha (ou não perde) a sua principal carta para o jogo das legislativas.

(Notícia atualizada)

Ver comentários
Saber mais Mário Centeno FMI Nadia Calviño Kristalina Georgieva Olli Rehn António Costa Eurogrupo Emmanuel Macron António Guterres Banco Mundial ONU
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio