Notícia
França desmente ter excluído Centeno da corrida ao FMI
As autoridades gaulesas garantem que continuam em cima da mesa cinco nomes como potenciais candidatos à chefia do FMI, entre os quais o do português Mário Centeno. Paris desmente assim a notícia avançada esta manhã pela Bloomberg e pelo Financial Times que dava conta de que o ministro português das Finanças havia sido excluída da lista de possíveis sucessores de Lagarde à frente do Fundo.
Afinal a exclusão de Mário Centeno da lista de candidatos à liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI) poderá ter sido falsa partida, já que as autoridades governamentais gaulesas garantem que permanecem em cima da mesa das possibilidades para a sucessão de Christine Lagarde cinco nomes, entre eles o do ministro português das Finanças e líder do Eurogrupo.
O governo francês assegura que a primeira ronda de conversações com vista à escolha do sucessor de Lagarde, de saída para presidir ao Banco Central Europeu, que está a ser coordenada pelo ministro gaulês das Finanças, Bruno Le Maire, discutiu uma lista com cinco nomes. Paris reafirma que continua a trabalhar-se com base numa "shortlist" de cinco nomes e adianta que Le Maire irá, antes de qualquer decisão, auscultar a opinião dos restantes ministros das Finanças da União Europeia.
É assim desmentida a notícia avançada esta manhã pela Bloomberg e pelo Financial Times que, citando fontes comunitárias, garantiam que a "shortlist" tinha ficado ainda mais pequena depois de serem descartados os nomes de Centeno e da homóloga espanhola, Nadia Calviño. Além destes dois nomes, continuam a ser cogitados também Jeron Dijsselbloem, ex-ministro das Finanças da Holanda e antecessor de Centeno na liderança do Eurogrupo, o atual governador do banco central da Finlândia, o ex-comissário europeu Olli Rehn, e Kristalina Georgieva, diretora-executiva do Banco Mundial, favorita de Paris para o cargo.
Depois das dificuldades verificadas pelos líderes europeus para definir a distribuição dos cargos de topo das instituições europeias, que obrigaram a duas cimeiras dedicadas à questão e a uma maratona negocial que culminou com a escolha de Ursula von der Leyen para líder da próxima Comissão Europeia, a UE continua a mostrar divisões no que concerne à busca de consenso para a escolha do candidato com mais apoios para liderar o FMI.
Prova disso mesmo são as informações díspares que correm nos corredores de Bruxelas. É que segundo pôde apurar o Negócios junto de fontes europeias envolvidas no processo de escolha do sucessor de Lagarde, o feedback recebido já na manhã desta segunda-feira é de que existem três candidatos com mais possibilidades de vir a liderar o FMI, estando Centeno entre eles e Rehn de fora. O desmentido feito pela França contraria não só as notícias da Bloomberg e do FT, mas também as informações recolhidas pelo Negócios.
Macron lidera processo e prefere Georgieva
O Negócios confirmou junto de fontes oficiais que é o governo francês que está a liderar o processo de escolha do próximo líder do Fundo e Paris já tem inclusivamente uma candidata favorita. Trata-se da búlgara Georgieva, que em 2016 perdeu para o português António Guterres a corrida à liderança das Nações Unidas.
Ora e de acordo com as informações recolhidas pelo Negócios, o facto de Guterres liderar a ONU é um fator que está a jogar contra Mário Centeno. Se é certo que na sequência dos acordos de Bretton Woods que enquadraram a ordem multilateral do pós-guerra ficou definido um acordo tácito segundo o qual a liderança do Banco Mundial ficaria a cargo de um norte-americano e a chefia do FMI para um europeu, a verdade é que também a ONU foi criada depois da Segunda Guerra enquanto aposta no multilateralismo.
O Banco Mundial e o FMI estão sediados em Washington, enquanto a ONU tem sede em Nova Iorque, e ter dois portugueses a liderar duas destas três instituições é uma possibilidade vista com desconforto em várias capitais.
Tendo em conta que Kristalina Georgieva beneficia do apoio francês e que França lidera o processo de consensualização de um nome a apontar como candidato europeu ao Fundo, a búlgara pode ser vista como favorita ao cargo. Todavia, a atual líder do Banco Mundial tem a jogar contra a sua candidatura um enorme senão, o facto de ter 65 anos de idade (a 13 de agosto completa 66), sendo que o diretor-geral do FMI não pode exercer funções depois dos 70 anos. Como o mandato é de 5 anos, Georgieva completaria o mandato com 71 anos. Perante este cenário, o presidente francês Emmanuel Macron encetou esforços para tentar mudar as regras.
O Negócios apurou ainda junto de uma fonte comunitária que para já os únicos apoios formais ao nome da búlgara dizem respeito às autoridades da Bulgária e à França. Já Dijssembloem dispõe do apoio de países do centro e norte europeus, entre os quais o da Alemanha, Olli Rehn é suportado pelos países escandinavos. Centeno e Calviño disputam o apoio dos Estados do sul da Europa.
Entre esta segunda-feira, 29 de julho, e o próximo dia 6 de setembro decorre um período em que as candidaturas podem ser formalmente apresentadas, sendo que a estrutura do Fundo pretende ter o processo de sucessão de Lagarde concluído até 4 de outubro.
(Notícia atualizada às 16:05)
O governo francês assegura que a primeira ronda de conversações com vista à escolha do sucessor de Lagarde, de saída para presidir ao Banco Central Europeu, que está a ser coordenada pelo ministro gaulês das Finanças, Bruno Le Maire, discutiu uma lista com cinco nomes. Paris reafirma que continua a trabalhar-se com base numa "shortlist" de cinco nomes e adianta que Le Maire irá, antes de qualquer decisão, auscultar a opinião dos restantes ministros das Finanças da União Europeia.
Depois das dificuldades verificadas pelos líderes europeus para definir a distribuição dos cargos de topo das instituições europeias, que obrigaram a duas cimeiras dedicadas à questão e a uma maratona negocial que culminou com a escolha de Ursula von der Leyen para líder da próxima Comissão Europeia, a UE continua a mostrar divisões no que concerne à busca de consenso para a escolha do candidato com mais apoios para liderar o FMI.
Prova disso mesmo são as informações díspares que correm nos corredores de Bruxelas. É que segundo pôde apurar o Negócios junto de fontes europeias envolvidas no processo de escolha do sucessor de Lagarde, o feedback recebido já na manhã desta segunda-feira é de que existem três candidatos com mais possibilidades de vir a liderar o FMI, estando Centeno entre eles e Rehn de fora. O desmentido feito pela França contraria não só as notícias da Bloomberg e do FT, mas também as informações recolhidas pelo Negócios.
Macron lidera processo e prefere Georgieva
O Negócios confirmou junto de fontes oficiais que é o governo francês que está a liderar o processo de escolha do próximo líder do Fundo e Paris já tem inclusivamente uma candidata favorita. Trata-se da búlgara Georgieva, que em 2016 perdeu para o português António Guterres a corrida à liderança das Nações Unidas.
Ora e de acordo com as informações recolhidas pelo Negócios, o facto de Guterres liderar a ONU é um fator que está a jogar contra Mário Centeno. Se é certo que na sequência dos acordos de Bretton Woods que enquadraram a ordem multilateral do pós-guerra ficou definido um acordo tácito segundo o qual a liderança do Banco Mundial ficaria a cargo de um norte-americano e a chefia do FMI para um europeu, a verdade é que também a ONU foi criada depois da Segunda Guerra enquanto aposta no multilateralismo.
O Banco Mundial e o FMI estão sediados em Washington, enquanto a ONU tem sede em Nova Iorque, e ter dois portugueses a liderar duas destas três instituições é uma possibilidade vista com desconforto em várias capitais.
Tendo em conta que Kristalina Georgieva beneficia do apoio francês e que França lidera o processo de consensualização de um nome a apontar como candidato europeu ao Fundo, a búlgara pode ser vista como favorita ao cargo. Todavia, a atual líder do Banco Mundial tem a jogar contra a sua candidatura um enorme senão, o facto de ter 65 anos de idade (a 13 de agosto completa 66), sendo que o diretor-geral do FMI não pode exercer funções depois dos 70 anos. Como o mandato é de 5 anos, Georgieva completaria o mandato com 71 anos. Perante este cenário, o presidente francês Emmanuel Macron encetou esforços para tentar mudar as regras.
O Negócios apurou ainda junto de uma fonte comunitária que para já os únicos apoios formais ao nome da búlgara dizem respeito às autoridades da Bulgária e à França. Já Dijssembloem dispõe do apoio de países do centro e norte europeus, entre os quais o da Alemanha, Olli Rehn é suportado pelos países escandinavos. Centeno e Calviño disputam o apoio dos Estados do sul da Europa.
Entre esta segunda-feira, 29 de julho, e o próximo dia 6 de setembro decorre um período em que as candidaturas podem ser formalmente apresentadas, sendo que a estrutura do Fundo pretende ter o processo de sucessão de Lagarde concluído até 4 de outubro.
(Notícia atualizada às 16:05)