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Afinal, o restaurante da Mealhada só cobrou um leitão a mais ao CDS

O CDS Algarve queixou-se de ter pago quatro refeições a mais, mas afinal só uma é que foi paga acima do que foi consumido. Proprietário do restaurante desmente as acusações e os militantes algarvios dizem que esquecem o assunto com um pedido de desculpas.

Sara Matos/Negócios
14 de Janeiro de 2014 às 18:09
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É a notícia que está a incendiar as redes sociais: um grupo de militantes algarvios do CDS resolveu ir fazer um almoço tardio à Meta dos Leitões, um restaurante na Mealhada conhecido por... isso mesmo: servir leitões. O grupo de 15 militantes apercebeu-se que pagou mais do que consumiu e, quando confrontou o proprietário, este terá dito que, já que o Governo o rouba a ele, então os militantes também ali seriam espoliados. Isso foi o que o CDS Algarve escreveu esta segunda-feira no Facebook. Mas esta terça-feira, a versão oficial do partido revê em baixa o produto do “assalto”.

 

Segundo contou ao Negócios o líder da distrital algarvia do CDS, José Pedro Caçorino, após o final do congresso do partido deste fim-de-semana, em Oliveira do Bairro, que só acabou por volta das 15 horas, o grupo de 15 militantes algarvios decidiu rumar à Meta dos Leitões, na Mealhada, para um “almoço atrasado”, aproveitando o facto de haver “alguns benfiquistas que queriam ver a bola”. “Estivemos lá a comer e foi muito agradável”. No final, “já sabíamos que ia ser puxado [o preço], mas quando vimos quanto foi ficámos surpreendidos: no total foram 505 euros e alguns cêntimos”, relatou Caçorino.

 

“Começámos todos a brincar, a perguntar quem é que ia pagar aquela despesa. Mas dividimos ali e deu 33 euros e qualquer coisa a cada um”, prossegue Caçorino. “Na altura reparámos que havia 18 refeições de leitão e uma de um bife”. O empregado foi chamado e, “muito simpático, informou que levou mais uma travessa para a ponta da mesa, que levava três doses”. Ora, se 14 militantes comeram leitão, incluindo as três doses adicionais, e só um militante comeu bife, o grupo tinha ingerido 18 doses.

 

Depois de terem pago e saído do estabelecimento, um dos militantes reparou nesta discrepância. “O colega que lá foi reparou que, somando as doses, havia uma dose que não foi consumida”. Então, “foi lá pedir uma satisfação” ao proprietário, que “devia estar cansado e, ao perceber o erro, preferiu não o assumir a atacar-nos verbalmente”. O que é que disse o proprietário, exactamente? “Foi o que está no nosso Facebook, em resumo: ‘andaram a roubar-me a vida toda, agora roubo-vos eu a vocês”.

 

Em suma, “éramos 15 pessoas: 14 pediram leitão e pediram mais uma travessa, que equivale a mais três doses, ou seja, 17 doses. Mas debitaram 18 doses de leitão e um bife”. Ou seja, o “roubo” cifrou-se em uma dose a mais de leitão.

 

Proprietário nega e fala em “pantominice”

 

O Negócios tentou contactar insistentemente a Meta dos Leitões. Por telefone, uma funcionária disse que o proprietário, Gonçalo Sarmento, não estava presente no restaurante, nem sabia quando este regressaria. Confrontada com as acusações do CDS, a funcionária disse tratar-se de uma “mentira”, ainda que tenha acrescentado não saber de nenhum pormenor do caso.

 

Porém, à agência Lusa, Gonçalo Sarmento negou tudo. “Isso é tudo uma pantominice. Isso é tudo falso”, reagiu, sublinhando não ter conhecimento das acusações.

 

Gonçalo Sarmento é um empresário com cerca de 70 anos, que subiu a pulso na vida, tendo começado na cozinha do restaurante até se tornar “milionário”, explicou ao Negócios o presidente da câmara da Mealhada, Rui Marqueiro (eleito pelo PS). “É um homem com uma larguíssima experiência no ramo da hotelaria e nunca o ouvi dizer esse tipo de coisas”, acrescenta o autarca.

 

Sarmento possui diversas propriedades no Alentejo, além de produzir vinho e… nem mais: leitões. Actualmente, conta o presidente da câmara, está a “construir uma adega, logo à saída da auto-estrada, com um projecto do [Eduardo] Souto Moura”, conta o autarca, entusiasmado. “É uma pessoa que dá gosto ter no concelho”.

 

Pedido de desculpas enterra o assunto

 

José Pedro Caçorino afirma que os 15 militantes pagaram “35 euros”, acima do valor que resultou da divisão da despesa (que rondava os 33 euros), porque entenderam dar “uma gorjeta ao empregado”. “Quase toda a gente pagou em dinheiro e um dos nossos colegas colocou o número de contribuinte na factura”, o que já habilita estes militantes a ganharem um carro sorteado pelo Estado.

 

Caçorino conta que o militante que confrontou o proprietário pediu o livro de reclamações, mas que este recusou porque disse que não tinha. “Ele ameaçou chamar a polícia, o proprietário disse que ele estava à vontade, mas como o nosso colega ainda ia ter de viajar para o Algarve entendeu ir-se embora”, prometendo contactar as autoridades posteriormente.

 

Até ao momento isso não aconteceu. “Quem quiser apresenta queixa individualmente. Eu ainda não o fiz”, confessa. Se Gonçalo Sarmento se desculpar, o CDS desiste de recorrer à justiça? “Sim, claro que sim. Há coisas mais importantes”, afiançou Caçorino. “O nosso objectivo era dar nota do que aconteceu, mas isto teve um impacto que não esperávamos”, remata.

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