Notícia
Vice-presidente do BCE admite recessão técnica na Zona Euro no final de 2023
Os dados mais recentes, relativos a novembro, mostram que a inflação acelerou para 2,9% em dezembro, depois de no mês anterior ter atingido o valor mais baixo em dois anos (2,4%).
A evolução da inflação ao longo de 2023 é uma "boa notícia", mas a atividade económica deixou a desejar, afirmou Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu.
"Dados mais fracos apontam para uma contração da economia em dezembro, confirmando a possibilidade de uma recessão técnica na segunda metade de 2023", disse, num discurso durante a 14.ª edição do Spain Investors Day que assentou sobre as perspetivas para a política monetária e economia na Zona Euro.
O número dois do BCE diz que, até agora, o abrandamento económico foi gradual e contido, mas os dados indicam que "o futuro mantém-se incerto e que as perspetivas estão inclinadas para o negativo".
Apesar de terem já surgido os primeiros sinais de correção no mercado laboral - com a taxa de desemprego a recuar para os 6,4% em novembro -, Luis de Guindos afirma que o forte recuo da inflação observado em 2023 será menos acentuado este ano. "O rápido ritmo de desinflação que vimos em 2023 irá provavelmente abrandar este ano e pausar temporariamente no início deste ano, como ocorreu em dezembro", acrescentou.
Os dados mais recentes, relativos a novembro, mostram que a inflação acelerou para 2,9% em dezembro, depois de no mês anterior ter atingido o valor mais baixo em dois anos (2,4%).
À semelhança da mensagem transmitida ontem pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, o vice-presidente do BCE assegurou que as decisões serão tomadas com base nos dados. Não deu, contudo, perspetivas sobre quando será tempo de começar a descer os juros, deixando apenas uma garantia: "Acreditamos que o nível atual das taxas de juro, mantidos por um período suficientemente longo, terá um contributo substancial para o retorno da inflação à nossa meta."
Na última reunião de 2023, em meados de dezembro, o BCE manteve as taxas de juro inalteradas, tratando-se da segunda pausa consecutiva. A taxa de depósitos ficou assim no máximo de sempre de 4%, a aplicável às operações principais de refinanciamento em 4,5% e a de cedência de liquidez em 4,75%.
O momento em que os bancos centrais vão começar a cortar os juros tem sido a grande questão nos mercados financeiros, tendo a perspetiva de uma descida no início deste ano levado a um "rally" das bolsas, tanto na Europa, como nos Estados Unidos.