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Momento para aliviar política monetária está "mais perto", diz Mário Centeno

Governador do Banco de Portugal (BdP) e membro do Banco Central Europeu (BCE) diz que banco central vai decidir quando descer os juros "mais cedo do que até há pouco pensávamos". À luz dos dados atuais, afirma que o pico já foi atingido, mas lembra que decisão será sempre dependente dos dados.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, confirmou ter recebido o convite, mas que não aceitou, tendo ficado a “refletir”.
Pedro Nunes/Reuters
09 de Janeiro de 2024 às 11:35
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Quando irá o Banco Central Europeu (BCE) começar a aliviar os juros? "Essa é a grande questão" e à qual Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP) e membro do BCE, não responde diretamente. 

Mas uma coisa é certa, o momento está "mais perto". "Não posso dizer quando, mas os mais recentes desenvolvimentos na inflação e na economia trouxeram o momento de alívio para mais perto de nós", afirmou, numa entrevista ao Econostream. 

Centeno diz que o banco central espera "no próximo trimestre" ter a confirmação de que a inflação está a caminho dos 2% no médio-prazo. Apesar de considerar que manter as taxas de juro estáveis, para já, "é apropriada", admite: "Vamos decidir quando cortá-las mais cedo do que até há pouco pensávamos". 

Mas as decisões serão sempre tomadas com base nos dados, diz, repetindo a mensagem que tem vindo a ser transmitida pelos bancos centrais. Como tal, alerta, a "ausência" de dados que confirmem a meta dos 2% a médio-prazo "traria novas dificuldades para a política monetária e cidadãos".

Certo é que, tendo em conta os dados atuais, é seguro dizer que as taxas já atingiram o pico. "Diz-nos que já subimos os juros o suficiente para uma contribuição considerável para que a inflação chegue aos 2% no médio-prazo. Se novos choques, de alguma forma, perturbarem a evolução dos preços, o que não esperamos, então devemos falar  novamente", defendeu.

Questionado sobre se considera justificável o BCE esperar pelos dados relativos aos salários, em maio, para tomar qualquer decisão sobre a política monetária, afirmou que não. "Não vejo quaisquer sinais de que uma segunda ronda de efeitos nos salários se tenha materializado ou se vá materializar ou de que os salários vão colocar pressão adicional nos preços". 

"O salário real na Zona Euro continua abaixo do período pré-inflação, ao contrário dos Estados Unidos, onde já recuperou. É natural que o salário real recupere, na verdade, é até desejável (...) o que temos de ter em mente é que nesta recuperação, o verdadeiramente importante são os ganhos de produtividade", acrescentou.

O governador considerou ainda que a inflação de dezembro na Zona Euro - quando acelerou de 2,4% para 2,9% -, é "boa notícia", uma vez que o aumento foi "menor do que o mercado esperava e inferior aos efeitos de base incorporados nas previsões".

Em sentido contrário, os índices de gestores de compras (PMI) mais recentes "não foram bons". Os últimos dados, divulgados no início deste mês, apontam para uma nova queda da atividade empresarial na Zona Euro no final de 2023. "Devemos prestar atenção a isto", vincou.

O momento em que os bancos centrais vão começar a cortar os juros tem sido a grande questão nos mercados financeiros, tendo a perspetiva de uma descida no início deste ano levado a um "rally" das bolsas, tanto na Europa, como nos Estados Unidos. 

Mas, na última conferência de imprensa, em meados de dezembro, a presidente do BCE, Christine Lagarde, atirou o início para depois do primeiro semestre. 
"Teremos muito mais informação ao longo de 2024. Será particularmente rica na primeira metade do ano. Mas vamos precisar disso para determinar [se a descida da inflação] é de facto sustentável", indicou Lagarde na altura.

Na última reunião de 2023, em meados de dezembro, os governadores do euro voltaram a deixar em pausa as taxas de referência do BCE. 


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