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"Devemos baixar a guarda? Definitivamente, não", diz Lagarde
Apesar de ver uma forte transmissão do aperto monetário à economia, Lagarde diz que governadores querem esperar para ver comportamento dos salários em 2024. "Não discutimos cortes de juros de todo".
Se a Reserva Federal já vê as descidas no horizonte, o BCE quer esperar para ver o arranque do próximo ano - em particular, os dados sobre ajustamento de salários e de preços - antes de pensar em sair do atual quadro de pausa indefinida com um nível de juros elevado.
O tema da descidas dos juros, assegurou, não foi sequer abordado no encontro. "Não discutimos cortes de juros de todo", indicou. E havendo sinais positivos - "Estamos claramente a assistir a uma forte transmissão", referiu Lagarde - estes são considerados ainda insuficientes para que os decisores do BCE afastem de vez os riscos de ressurgimento da inflação por efeitos de segunda ordem, ainda que estes estejam já diminuídos.
"Quando olhamos para todos as medidas da inflação subjacente, há uma que está a diminuir um pouco, mas não muito. É a inflação doméstica, que se baseia largamente nos salários. Precisamos de mais dados. Precisamos de entender melhor o que acontece", justificou a presidente do BCE.
Nas várias medidas que o banco central acompanha também quanto a evolução de salários, as remunerações por trabalhador estavam já a abrandar nos dados das últimas contas nacionais trimestrais. Mas Lagarde indicou que será preciso perceber o que vai acontecer na atualização de salários em janeiro.
Até aqui, o BCE tem esperado recuperação salarial para 2024, que por seu turno deverá ser acomodada nas margens de lucro das empresas, para evitar a sempre receada espiral inflacionista. Para confirmar se isso acontece, porém, também será preciso esperar pela atualização de preços do início do ano.
A justificar ainda a ausência de discussão sobre cortes de juros, Christine Lagarde apontou também que a trajetória agora prevista para a inflação só recolheu dados dos mercados até 23 de novembro. Estes não incorporavam, nomeadamente, a estimativa preliminar de 2,4% de inflação anual em novembro que foi divulgada pelo Eurostat.