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O programa de compra de dívida pública do BCE vai funcionar?

O BCE vai avançar com um programa de compra de dívida pública para travar as pressões deflacionistas na Zona Euro e impulsionar o crescimento económico. Veja os argumentos contra e a favor da eficácia desta medida.

Bloomberg
22 de Janeiro de 2015 às 13:50
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PORQUE PODE FUNCIONAR?

 

Uma sinalização da determinação do BCE será essencial para convencer que a inflação voltará aos 2%. Uma desvalorização adicional euro ajudara os exportadores. É essencial que os governos gastam mais.

 

Devolve confiança à meta de 2% 
Os mercados vivem de expectativas e a sinalização pelo banco central de que não hesitará em puxar pela subida de preços é essencial para que as expectativas de inflação a médio prazo recuperem. Neste momento, a taxa de inflação a 5 anos (em 2025) esperada para 2020 está em cerca de 1,6%, muito abaixo dos 2% de objectivo.

 

Ajuda o financiamento à economia
Os bancos, seguradoras e fundos de pensões usam o dinheiro que recebem das vendas ao BCE para o reinvestir noutros activos com remunerações superiores (o facto do BCE comprar obrigações baixa-lhes a taxa de juro). Há assim incentivos a  novos fluxos, incluindo o financiamento da economia real. Ao puxar pelo preço de alguns activos também gera um efeito de riqueza.

 

Queda do euro
A injecção de dinheiro na economia baixará o valor do euro. A redução da rendibilidade dos activos em euros empurrará os investidores para activos noutras moedas, o que intensificará este movimento.

 

Menor pressão orçamental

A compra de dívida baixará os custos de novo financiamento dos governos, deixando estes de pagar juros sobre a dívida que o BCE comprar (esse dinheiro será lucro do BCE depois devolvido em forma de dividendos). A menor restrição permitirá aos governos subir a procurar agregada. Se a dívida de empresas for incluída no programa, estas terão custos de financiamento inferiores. 

 

PORQUE PODE FALHAR?

 

Os críticos e cépticos de um programa desta natureza avançam várias críticas. Destacam-se o facto das taxas de juro e de câmbio já estarem baixas e de os bancos, ainda em recuperação, poderem travar os impactos.

 

Falta de ambição e efeitos pouco visíveis
Um dos riscos do programa que deverá ser anunciado quinta-feira é que seja pouco ambicioso, falhando o objectivo de convencer os investidores que a inflação vai efectivamente regressar a 2% no médio prazo. O risco aumenta com as estimativas de efeitos relativamente pequenos e lentos deste tipo de programas na inflação.

 

Famílias têm menos activos de mercado
Na Europa as famílias estão menos expostas a activos financeiros do que os residentes no Reino Unido ou nos EUA (onde, por exemplo, os sistemas de pensões são tendencialmente privados e estão aplicados nos mercados de  capitais). Isto significa que o efeito de aumento riqueza nos consumidores será mais tímido na Zona Euro.

 

Bancos travam efeitos na economia
Outra das diferenças entre a Zona Euro e o Reino Unido ou os EUA é o facto do sistema de financiamento da economia real se concentrar essencialmente na banca. Com os bancos ainda a recuperar há o risco de que, mesmo com as compras do BCE, estes não dinamizem o crédito.

 

Programa reduzido e governos tímidos
Se as compras forem feitas com base na participação dos Estados no BCE, então apenas 4,8% da dívida italiana ou 7,7% da espanhola será comprada, calculou Raoul Ruparel, do "think tank" Open Europe. Este valor compara com 21,5% nos Estados Unidos e 27,5% no Reino Unido, acrescenta. O programa será ainda mais ineficaz se os países não usarem essa margem para estimularem a economia. 

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