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O novo risco europeu: inflação baixa ou deflação?

Em Frankfurt afasta-se o cenário de deflação, mas apenas um “longo período de inflação baixa”. Qual é a diferença? E o que pode fazer o BCE? Draghi diz que o banco central mantém “instrumentos na nossa artilharia”.

07 de Novembro de 2013 às 15:34
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“Se por deflação se entende um processo de queda de preços por uma larga categoria de bens e por um número muito significativo de países, não vemos isso”, respondeu Mario Draghi, em conferência de imprensa, procurando aliviar a preocupação sobre o novo risco que paira sobre a Zona Euro: uma queda prolongada de preços que ameace a retoma e o ajustamento em curso.

 

O presidente do BCE garante que continua a ver “expectativas de inflação bem ancoradas perto de 2%”, mas isso não impediu o banco central de surpreender os mercados com um corte da taxa de juro central para 0,25%, um mínimo histórico. Esta foi a resposta à queda da taxa de inflação na Zona Euro para mínimos históricos e ao facto de, apesar de recusar a deflação, o BCE antecipar inflação baixa  na Zona Euro por “um longo período de tempo”, justificou Draghi.

 

Questionado sobre o que entende por um longo período de tempo, o presidente do BCE guardou para Dezembro uma análise mais detalhada, altura em que serão divulgadas as previsões actualizadas de crescimento e preços do BCE. “Esperamos que se estenda por algum tempo e vamos ser claros sobre isso em Dezembro. Mas não será um tempo curto”, afirmou.

 

A decisão do BCE que apanhou de surpresa os investidores – com as bolsas a subirem e o euro a cair na reacção ao anúncio – veio adensar a preocupação de que a Europa caminhe para um período de queda de preços prolongada – aquilo a que os economistas chamam deflação e que é um dos fantasmas que paira sobre o ajustamento da Zona Euro.

 

A deflação é um fenómeno económico temido por dificultar a recuperação e o ajustamento das economias em crise. Por um lado, os agentes económicos tendem a adiar despesas quando antecipam quedas de preços, prejudicando o consumo, o investimento e o comércio em geral. Por outro, os países endividados são prejudicados por inflação muito baixa, pois o aumento de preços garante uma redução do valor das dívidas em termos reais.

 

No actual momento da Zona Euro, até a inflação baixa é uma dor de cabeça para os países como Portugal que precisam de ganhar competitividade, isto é, que necessitam que os preços nos países com os quais têm relações comercias cresçam mais que os preços internos. Se a inflação for baixa por toda a Zona Euro, esse ajustamento fica mais difícil.

 

Mantemos os “instrumentos na nossa artilharia”, diz Draghi

 

O presidente do BCE reconheceu os riscos da deflação, mas afastou esse cenário, garantindo que o banco central tem ao seu dispor mais armas em que confia para combater eventuais pressões deflacionistas adicionais, explicitando a possibilidade de cortar a taxa marginal de depósitos para valores negativos, e empréstimos de mais longo prazo à banca.

 

“Vemos as expectativas de inflação ancoradas firmemente nos 2%”, mas “queremos ter instrumentos na nossa artilharia”, afirmou, evidenciando os dois mecanimos mais potentes: “Discutimos o corte da taxa marginal de depósito e, como disse noutras ocasiões, estamos tecnicamente preparados” para actuar, afirmou Draghi, acrescentando que o BCE mantém também a possibilidade de novos empréstimos de longo prazo à banca.

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