Notícia
Economistas acreditam que meta da inflação do BCE vai mudar
A maioria dos economistas inquiridos pelo Financial Times consideram que o mais provável é o Banco Central Europeu (BCE) mudar o objetivo da inflação. Vítor Constâncio e Benoît Cœuré seguem a mesma linha.
A revisão da estratégia do Banco Central Europeu (BCE) vai começar em janeiro, mas a discussão sobre quais serão as mudanças já decorre. Há uma alteração cada vez mais consensual: a mudança do objetivo de inflação que atualmente se define por uma inflação "abaixo, mas próxima de 2%".
Esta é a conclusão de um inquérito feito pelo Financial Times a 34 economistas cujos resultados foram divulgados esta segunda-feira, 23 de dezembro. Mais de metade desses economistas esperam que o BCE "emende" a quantificação do seu objetivo central, a estabilidade dos preços.
A concretizar-se, esta será a primeira mudança da meta de inflação em mais de 16 anos dado que a última revisão da estratégia ocorreu em 2003, nos primeiros anos da vida do BCE. Nessa ocasião, o objetivo passou de uma inflação entre 0 e 2% para uma inflação "abaixo, mas próxima de 2%", sendo que o objetivo era proteger a Zona Euro contra o risco de deflação.
Contudo, mais de uma década depois, o banco central da área do euro tem tido dificuldades em impulsionar a evolução dos preços para valores próximos do seu objetivo, abrindo a porta a uma mudança da própria meta e dos instrumentos que serão necessários para a alcançar. Esta revisão da estratégia arrancará em janeiro e terminará antes do final de 2020.
A presidente do BCE, Christine Lagarde - que prometeu "mente aberta" e "análise" neste processo -, disse na sua primeira reunião de política monetária que a interpretação do mandato da estabilidade dos preços será uma prioridade "central e fundamental" da revisão da estratégia do BCE, mas deixou totalmente em aberto em que direção deverão ir as mudanças.
A maior parte dos economistas consultados pelo FT prevê que o BCE abandone a definição atual e simplifique-a, apontando para uma inflação de médio-prazo de 2%, semelhante à definição de estabilidade de preços da Reserva Federal norte-americana e do Banco de Inglaterra. Esta mudança neste momento daria mais espaço ao banco central para manter a política monetária acomodatícia dado que aumenta o patamar a partir do qual poderá começar a subir os juros outra vez.
Mas as mudanças não acabam aí. Além da simplificação do objetivo para os 2%, os economistas consultados pelo FT consideram que o banco central deveria adotar um objetivo simétrico. Tal significa que o BCE passaria a estar tão preocupado com a inflação ser muito baixa como ser muito alta.
Além disso, um objetivo simétrico - que também está a ser considerado nos Estados Unidos - pode servir para deixar a inflação ser mais alta do que o objetivo para compensar um longo período de inflação baixa sem provocar uma subida dos juros. Na fase final do mandato de Mario Draghi, ex-presidente do BCE, esta filosofia já vinha sendo adotada nos discursos.
No entanto, os economistas inquiridos pelo FT não estão convencidos de que a revisão da estratégia irá trazer muitos resultados. Estes temem que a divisão que existe no Conselho do BCE, que foi colocada a nú na reunião de setembro com a introdução de um novo pacote de estímulos, possa limitar o espaço para consensos.
No inquérito também surgem respostas, em menor número, de economistas que acham que o objetivo será mudado para um intervalo entre 1,5% e 2,5%, uma mudança mais "hawkish" (de aperto monetário), que permitia subir os juros mais cedo do que no paradigma atual. Apenas dois economistas antecipam que o BCE desça efetivamente a meta de inflação.
Esta é a conclusão de um inquérito feito pelo Financial Times a 34 economistas cujos resultados foram divulgados esta segunda-feira, 23 de dezembro. Mais de metade desses economistas esperam que o BCE "emende" a quantificação do seu objetivo central, a estabilidade dos preços.
Contudo, mais de uma década depois, o banco central da área do euro tem tido dificuldades em impulsionar a evolução dos preços para valores próximos do seu objetivo, abrindo a porta a uma mudança da própria meta e dos instrumentos que serão necessários para a alcançar. Esta revisão da estratégia arrancará em janeiro e terminará antes do final de 2020.
A presidente do BCE, Christine Lagarde - que prometeu "mente aberta" e "análise" neste processo -, disse na sua primeira reunião de política monetária que a interpretação do mandato da estabilidade dos preços será uma prioridade "central e fundamental" da revisão da estratégia do BCE, mas deixou totalmente em aberto em que direção deverão ir as mudanças.
A maior parte dos economistas consultados pelo FT prevê que o BCE abandone a definição atual e simplifique-a, apontando para uma inflação de médio-prazo de 2%, semelhante à definição de estabilidade de preços da Reserva Federal norte-americana e do Banco de Inglaterra. Esta mudança neste momento daria mais espaço ao banco central para manter a política monetária acomodatícia dado que aumenta o patamar a partir do qual poderá começar a subir os juros outra vez.
Esta é também a preferência de alguns "pesos pesados" do BCE. É o caso do ex-vice-presidente, Vítor Constâncio, que já demonstrou a sua preferência no Twitter por um objetivo de inflação de 2%. A mesma preferência tem Benoît Cœuré, atual membro do conselho executivo do BCE, cargo que abandona no final deste ano.So, my preference goes for a single numerical target of 2% (not credible to go for higher).Then a qualitative obvious thing could be added:Small deviations from the target in either direction may naturally occur,without inducing complacency in policy efforts to comply with it.7/7
— Vitor Constâncio (@VMRConstancio) December 19, 2019
Mas as mudanças não acabam aí. Além da simplificação do objetivo para os 2%, os economistas consultados pelo FT consideram que o banco central deveria adotar um objetivo simétrico. Tal significa que o BCE passaria a estar tão preocupado com a inflação ser muito baixa como ser muito alta.
Além disso, um objetivo simétrico - que também está a ser considerado nos Estados Unidos - pode servir para deixar a inflação ser mais alta do que o objetivo para compensar um longo período de inflação baixa sem provocar uma subida dos juros. Na fase final do mandato de Mario Draghi, ex-presidente do BCE, esta filosofia já vinha sendo adotada nos discursos.
No entanto, os economistas inquiridos pelo FT não estão convencidos de que a revisão da estratégia irá trazer muitos resultados. Estes temem que a divisão que existe no Conselho do BCE, que foi colocada a nú na reunião de setembro com a introdução de um novo pacote de estímulos, possa limitar o espaço para consensos.
No inquérito também surgem respostas, em menor número, de economistas que acham que o objetivo será mudado para um intervalo entre 1,5% e 2,5%, uma mudança mais "hawkish" (de aperto monetário), que permitia subir os juros mais cedo do que no paradigma atual. Apenas dois economistas antecipam que o BCE desça efetivamente a meta de inflação.