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Draghi “confiante” num acordo entre Itália e Bruxelas, mas não “muito”

A questão de Itália é "orçamental", sublinhou o presidente do Banco Central Europeu. Draghi reconhece que pode estar a haver algum contágio aos juros de "países não core", mas não muito significativo.

reuters
25 de Outubro de 2018 às 15:11
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O presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse esta quinta-feira, 25 de Outubro, estar "confiante" num acordo entre Itália e Bruxelas sobre o Orçamento do Estado do governo de Guiseppe Conte. No entanto, fez questão frisar que não estava "muito confiante".


"Continuo confiante de que um acordo vai ser encontrado", disse Draghi, depois da reunião de decisão de política monetária, que contou com a presença também do vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.


Draghi frisou que a questão de Itália é "orçamental" e revelou que durante a reunião Dombrovskis frisou que "é claro que se tem de observar e aplicar as regras orçamentais", mas somou que a Comissão também está "à procura de um diálogo".


Já no final da conferência de imprensa, questionado sobre os motivos que o levam a estar "muito confiante", Draghi corrigiu: "Eu não disse que estava muito confiante, eu disse confiante." E depois garantiu que a razão do seu sentimento não era porque tivesse acesso a qualquer tipo de informação avançada – "absolutamente não", assegurou – mas porque "é só bom-senso e percepção do que é bom para o país, as famílias e o povo, o que vai levar as partes a um acordo".


E se não há acordo? "Não sabemos", respondeu, sem querer especular sobre o que poderá acontecer se Itália for alvo de uma ronda de descida de ratings por parte das agências de notação financeira internacionais.


Sem querer ultrapassar o seu papel de banqueiro central, Draghi foi, ainda assim, deixando mensagens directas para Itália. Voltou a repetir, como já tinha feito em meses passados, que "o mandato do BCE não serve para financiar Estados, é para garantir a estabilidade de preços". E questionado sobre o que pode o governo italiano fazer para conter a subida dos spreads dos bancos, que causam dano à economia, Draghi respondeu em tom duro: "Baixar o tom; não questionar o enquadramento constitucional do euro e depois reduzir os spreads", tomando medidas de acção política.


Sobre o risco de contágio da turbulência em Itália a outros países do euro, o presidente do BCE reconheceu que há "algum aumento das taxas de juro em países não core", que "não é material, mas que está lá". Contudo, a causa será sobretudo "porque estes países têm fenómenos idiossincráticos". E defendeu: "talvez haja contágio de itália, mas é limitado".


Riscos continuam equilibrados


Apesar da maior volatilidade nos mercados identificada pelo BCE, da questão italiana, da dificuldade de acordo no Brexit, e de dados mais fracos na economia, o banco central manteve a sua avaliação dos riscos que se colocam ao cenário macroeconómico equilibrada.


"Estes riscos não são considerados o suficiente para mudar a nossa avaliação de riscos. Mas vamos ter projecções em Dezembro", atirou.


Sobre o programa de compra de activos, não houve novidades concretas nesta reunião. Os detalhes da fase de reinvestimento não foram discutidos, disse Draghi, o que atira os pormenores de como será concretizada a nova fase para 13 de Dezembro, a última reunião agendada para este ano.


"Não discutimos [essa questão] nesta reunião, vamos discutir na próxima, com as projecções macroeconómicas", disse Draghi, defendendo que o BCE ainda tem ferramentas disponíveis para reagir a eventualidades mesmo que o programa terminasse completamente e não houvesse fase de reinvestimento.

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