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BCE aumenta financiamento de emergência à Grécia em 900 milhões (act.)
O conselho do BCE aumentou em 900 milhões de euros, e por uma semana, o limite da linha de financiamento de emergência aos bancos gregos que estava fixada nos 89 mil milhões de euros desde o final de Junho.
O BCE aumentou em 900 milhões de euros o limite da linha de financiamento de emergência (ELA, na sigla em inglês) aos bancos gregos. A decisão válida por uma semana foi comunicada por Mario Draghi, presidente da instituição, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de dois dias em Frankfurt, em que o Conselho decidiu também manter a taxa de juro central nos 0,05%. A ELA estava congelada e 89 mil milhões de euros deste 28 de Julho.
O facto de haver um acordo de princípio relativamente ao terceiro resgate grego, do Executivo de Alexis Tsipras ter aprovado no Parlamento quatro diplomas centrais para a continuação das negociações, e de haver um acordo na Europa para um empréstimo ponte à Grécia que lhe permita pagar ao BCE 4,2 mil milhões de euros na segunda-feira foram suficientes para o Conselho de governadores abrir a torneira da ELA.
"A decisão que tomámos de aumentar a ELA é simétrica à decisão que tomámos há uns dias" que congelou a ELA nos 88,6 mil milhões de euros, justificou. Entretanto "as coisas mudaram, com a aprovação de um empréstimo ponte, vários votos favoráveis ao acordo em vários Parlamento, a começar no parlamento grego". "Foram restauradas as condições para aumentar a ELA", afirmou, sublinhando que o BCE atendeu "totalmente o pedido de liquidez do banco central grego, ajustado a uma semana". As exigências de colateral do banco central, que foram aumentadas após o resultado do referendo grego, mantiveram-se inalteradas.
"A decisão do BCE de aumentar a ELA, mesmo que incrementalmente, é uma surpresa positiva em termos de timimg e de sinal de suporte à Grécia", comentou numa nota enviada a clientes Frederik Ducrozet, economista do Credite Agricole, que espera que o BCE continue a apoiar os bancos "através do aumento cuidadosamente calibrado da ELA".
Não esperava que o BCE aumentasse a ELA para os bancos gregos hoje. A decisão mostra vontade de apoiar um processo frágil", escreveu por seu lado no Twitter Nick Kounis, economista do ABN AMRO.
A expectativa segundo analistas ouvidos pelo Negócios era de que a ELA pudesse ser aumentada num montante relativamente pequeno. Segundo a Bloomberg o banco central grego pediu um aumento de 1,5 mil milhões de euros.
"Se as coisas continuarem a evoluir de forma positiva como nos últimos dias, haverá um momento em que o Banco da Grécia e o BCE avaliarão exactamente quais as necessidades de liquidez, para que as possamos satisfazer gradualmente, garantindo que estamos sempre presentes e que não arriscamos uma corrida aos bancos", explicou Draghi, que não arriscou nem uma data para a reabertura dos bancos gregos, nem para o alívio dos controlos de capitais impostos na Grécia.
Lembrando que a decisão sobre os controlos de capitais cabe aos governo, Draghi garantiu que "todos estamos bem cientes" que é importante avançar "tão depressa quanto possível". No entanto, acrescentou, é igualmente essencial evitar uma corrida aos bancos que prejudicaria todos os depositantes. "Os controlos de capitais protegem os depositantes", disse.
Entretanto, a Reuters, ouviu um banqueiro grego que garante que os bancos deverão abrir portas na segunda-feira, necessariamente com controlos de capitais que estão para ficar por muito tempo.
ELA segura bancos gregos
No início de Fevereiro, com a chegada do Governo do Syriza ao poder e a baixa probabilidade de conclusão do segundo resgate no final desse mês como esperado na altura, o BCE deixou de aceitar dívida grega como colateral nos empréstimo à banca grega. A decisão forçou as instituições financeiras a recorrer a financiamento via ELA, um instrumento de financiamento de emergência por conta e risco do banco central nacional, onde a dívida pública continuou a ser aceite.
De Fevereiro até ao final de Junho o limite da ELA foi sendo aumentado gradualmente de um pouco menos de 59,5 mil milhões de euros para os 88,6 mil milhões de euros em que ficou congelada a 28 de Julho. Embora seja um instrumento gerido pelo banco central nacional, o BCE tem poder para limitar a sua utilização, desde que reúna uma maioria de dois terços dos governadores, que hoje decidiram aumentá-la para os 89,5 mil milhões de euros.
Com a convocação do referendo pelas autoridades gregas, que deitou por terra a possibilidade de concluir com o sucesso o segundo programa de ajustamento, cujo prazo limite tinha entretanto sido adiado para o final de Junho, o BCE optou por congelar a ELA.
Com muitos gregos a procurarem levantar dinheiro do banco para se precaverem de eventuais perdas, e sem acesso a mais dinheiro do BCE, o Governo e o banco central da Grécia decretaram o fecho dos bancos nessa data e impuseram limitações a operações bancárias, como um máximo de levantamentos de 60 euros por dia nas caixas multibanco.
BCE pode comprar dívida no segundo semestre
Se tudo correr bem na Grécia, o BCE admite ainda comprar dívida grega no segundo semestre, ao abrigo do seu programa de alívio quantitativo (OMT na sigla em inglês), tal como está a fazer com as restantes economias da Zona Euro.
Para isso, e uma vez que a dívida grega não tem avaliações das agências de rating acima de nível investimento, o banco central coloca duas condições: que o país esteja dentro de um programa de ajustamento – o que deverá acontecer em Agosto – e que exista um cumprimento credível do programa por parte das autoridades, explicou Vítor Constâncio, vice-presidente do BCE, na mesma conferência de imprensa.
Constâncio admitiu que tal pudesse acontecer antes da conclusão da primeira avaliação ao programa, mas não se comprometeu, deixando margem para o banco central actuar como entender melhor.
Notícia actualizada às 15:20 com informação mais detalhada sobre montantes da ELA e OMT e às 17:30 com reaçcões de economistas e noticia da Reuters que aponta para a possibilidade dos bancos reabrirem na segunda-feira.