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BCE reavalia política de estímulos no início de 2015 (act.)

Mario Draghi garante que o BCE "não tolerará desvios significativos" face à meta de inflação, mas diz que guarda decisões para início de 2015. Bloomberg diz que plano estará pronto para ser aprovado na reunião de 22 de Janeiro.

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Markets Show Disappointment at ECB Stays Quiet on QE
04 de Dezembro de 2014 às 14:34
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Mario Draghi atirou para o "início 2015" uma decisão sobre medidas adicionais de estímulo monetário na Zona Euro. O presidente do BCE diz que precisa de mais tempo para avaliar os impactos da recente descida do preço do petróleo nas expectativas de inflação na Zona Euro, assim como o impacto das novas medidas de estímulo que já aplicou este ano (compras de dívida privada e empréstimos de longo prazo). No entanto, ao mesmo tempo, endureceu o discurso sobre a intolerância do banco central à inflação baixa na região, num sinal de que poderá mesmo vir a comprar dívida pública, mesmo sem unanimidade entre os Governadores da autoridade monetária.

 

As significativas revisões em baixa do crescimento (de 1,6% para 1% em 2015) e da inflação (de 1,1% para 0,7% em 2015) apresentadas na conferência de imprensa de 4 de Dezembro, aliada à falta de compromisso do BCE em avançar com mais estímulos monetários (ou pelo menos com um calendário) foram mal recebidos nos mercados, com uma valorização do euro, quedas nas bolsas e um aumento de juros. No entanto, o discurso deixou o BCE à beira de uma intervenção mais musculada em Janeiro ou Março.

 

"O BCE parece no caminho para anunciar mais estímulos a 22 de Janeiro ou a 5 de Março", avaliou por exemplo Christian Schulz, economista do Berenberg Bank em Londres, numa nota enviada a clientes, onde explica que as "fortes revisões em baixa da inflação e das previsões de crescimento traçam uma perspectiva para inflação muito mais fraca" para a Zona Euro, o que "deverá conduzir a mais estímulos monetários do que os anunciados até agora".

 

Vários outros elementos da conferência de imprensa de quinta-feira, dia 4 de Dezembro , suportam a análise de uma provável intervenção do banco central na linha do que já fizeram Banco de Inglaterra e Reserva Federal norte-americana.

 

Por um lado, Mario Draghi reforçou que o banco central não admitirá desvios significativos na inflação face à meta do BCE – o que para muitos analistas já está a acontecer: "Não toleraremos desvios prolongados face à estabilidade de preços", afirmou, explicando que tal não é admissível uma vez que "poderia alimentar expectativas de inflação mais baixas" a médio prazo. Ora, isso não só contrariaria o mandado do BCE – de garantir uma inflação abaixo, mas próxima de 2% – como seria equivalente, na prática, a um aperto monetário, defendeu (uma taxa de juro nominal de 0%, com inflação a 2%, corresponde a uma taxa real negativa de -2%; mas se expectativa nos mercados for que uma taxa de inflação de 1%, então a taxa nominal corresponde a uma taxa real de -1% – e, logo, menos expansionista).

 

Por outro lado, o Presidente do BCE deixou claro que o banco central poderá avançar com novos programas de compras de activos mesmo sem unanimidade entre os governadores. Uma primeira prova disso é que o objectivo de aumentar o balanço do BCE para 3 biliões de euros (dois actuais dois biliões), que até agora tinha sido apresentado apenas como uma "expectativa", passou a descrito pelo presidente do BCE como uma "intenção". A mudança para uma palavra mais forte não foi unânime, mesmo entre os seis elementos do Conselho Executivo, reconheceu Draghi. E questionado sobre poderia avançar com um programa de compra de dívida sem unanimidade, respondeu que sim: "não precisamos de unanimidade", disse, acrescentando que "o programa pode ser desenhado para termos um consenso e ainda penso que é possível". Mas, se não for possível, e for necessário, acontecerá na mesma: "temos de nos lembrar: temos um mandato". O recado está dado aos críticos da compra de dívida, liderados pelo cepticismo alemão.

 

Quando e como?

Apesar do agravamento das perspectivas de crescimento e inflação e do endurecimento retórico, Mario Draghi não conseguiu responder às duas perguntas mais importantes: se avançar, será quando e como?

 

Sobre datas, limitou-se a apontar para uma reavaliação da situação no "início de 2015", recusando ir mais longe. O responsável pela política monetária diz precisar de avaliar a procura de empréstimos de longo prazo pelos bancos da zona euro – cuja segunda volta acontece na próxima semana – e também perceber melhor quais os impactos da recente descida dos preços do petróleo nas expectativas de inflação, e na actividade económica da zona euro.

 

Duas membros do Conselho do BCE não identificadas garantiram à Bloomberg que na reunião de 22 de Janeiro o BCE espera ter preparada, para decisão, uma proposta de compra de activos, incluindo dívida pública e outros títulos, mas excluindo acções.

 

Relativamente ao reforço dos actuais programas de estímulo (compra de obrigações titularizadas sobre hipotecas, dívida do sector publico e de empresas), Draghi afirmou claramente que um programa de alívio quantitativo admite a compra de dívida pública, mas não exclui a aquisição de outros activos, como obrigações de empresas, por exemplo. "Discutimos várias versões de alívio quantitativo no Conselho, mas é preciso mais trabalho", afirmou, acrescentando que "discutimos todos os activos, com a excepção do ouro" e deixando claro que "um programa de alívio quantitativo que inclua obrigações do Tesouro, está dentro do nosso mandato".

 

(Notícia actualizada às 16h20, com reformulação do segundo parágrafo, e novos parágrafos e às 19:58 com informação da Bloomberg)

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